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Com 1.248 mortos em 24h, Brasil volta a registrar índice de mortes do pico da pandemia de covid-19

Aumento no número de vítimas começa a refletir o desdém com a pandemia no país, especialmente no fim do ano. Entretanto, pior está por vir

Paulo Pinto/FotosPublicas
Paulo Pinto/FotosPublicas
Aglomerações do fim do ano começam a se refletir em alta de casos e mortes por covid-19 em todo o país

São Paulo – O Brasil tem o dia com mais mortes por covid-19 em 24 horas desde o agosto, no até então pico do surto no país. No dia 25 de agosto, foram 1.271 mortos. Hoje (5), foram 1.248. O aumento no número de vítimas começa a refletir o desdém com a pandemia no país, especialmente no fim do ano. Entretanto, cientistas e autoridades esperam um cenário ainda pior para as próximas semanas. Desde o início da pandemia, em março, o país soma 7.810.400 casos de covid-19, com 197.732 mortes.

As aglomerações de dezembro se intensificaram durante as festas de fim de ano. Durante a semana do ano novo, praias lotadas por todo o país, festas particulares e até mesmo shows de artistas renomados. Tudo isso, sem respeito algum às normas de distanciamento social, ou até mesmo, uso de máscaras. O resultado é praticamente inevitável, e deve vir, especialmente, a partir do fim da próxima semana. A covid-19 tende a se manifestar de forma mais agressiva aproximadamente entre sete e 14 dias após o contágio. Foram registrados ainda 58.679 novos casos em um dia, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Números no Brasil. Mortes por covid em 24 horas crescem. Fonte: Conass

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O país é o segundo com maior número de mortos, atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil testa pouco e mal seus habitantes, de acordo com cientistas. Isso porque o presidente Jair Bolsonaro se apresenta como um aliado do vírus. Atua de forma desastrosa, adota discurso anticiência e antivacina, promove aglomerações e ridiculariza a pandemia e os mortos.

Grande risco

A lista de absurdos do presidente é imensa. Após provocar uma grande aglomeração em uma praia no litoral sul de São Paulo às vésperas do ano novo, fez piada e pouco caso dos riscos. “Sabia que o tio estava na praia nadando de máscara? Mergulhei de máscara também, para não pegar covid nos peixinhos”, disse ontem (4), aos risos.

Embora a situação no Brasil ganhe tons dramáticos com Bolsonaro, o país não é o único que enfrenta grandes desafios. A covid-19 se espalha e segue letal. Os Estados Unidos, após registrar recordes de casos e mortes às vésperas do ano novo, se preparam para colapsos nos sistemas de saúde. As festas de final de ano podem colocar a força dos hospitais do país em xeque.

“Se tivermos outro pico, será o colapso total do sistema de saúde”, disse chefe do Centro Médico da Universidade do Sul da California, Brad Spellberg. Os médicos locais atribuem o mais recente aumento de mortes ao feriado de Ação de Graças, no dia 25 de novembro. Ou seja, o resultado das festas de Natal e Ano Novo podem ainda não ter mostrado todo o seu potencial destruidor. “Não podemos frear isso. Só podemos reagir a isso. É a população que tem o poder de parar a disseminação desse vírus ao seguir as orientações de saúde pública.”

Os Estados Unidos já iniciaram o processo de vacinação. Entretanto, leva tempo para imunizar pessoas o suficiente para fazer com que a pandemia recue. Questões logísticas e de produção demandam um tempo hábil, que não existe. Na Europa, o mesmo cenário. Mesmo com uma vacinação mais veloz, países europeus sofrem com grande número de casos e mortos. Inglaterra e Escócia já decretaram lockdown em todo o território.

São Paulo

São Paulo segue como o estado mais atingido pela covid-19 no Brasil. Autoridades locais pedem para que quem se aglomerou no fim do ano, ao menos faça isolamento nas primeiras semanas de 2021. À espera do pior, o governo João Doria (PSDB) segue tímido na imposição de medidas sanitárias, embora seu secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, já tenha alertado para os perigos vindouros. Especialmente com a confirmação de casos da mutação B.1.1.7 da covid-19, mais contagiosa, que circula já na capital paulista.

A capital experimenta um aumento constante e expressivo no número de internações. Ontem, a ocupação dos leitos de UTI no estado estava em 62%. Hoje, 62,3%. Embora pareça tímido, o aumento é progressivo e já soma mais de 4% nos cinco primeiros dias do ano. Alguns hospitais na capital já estão sem vagas, como a Santa Casa de Santo Amaro e o Hospital Vila Santa Catarina. No Hospital da Brasilândia, referência em covid-19, 75% de ocupação. Até o momento, o estado acumula 47.222 mortes e 1.486.551 mortes. São Paulo registrou 334 mortes pela covid nas últimas 24 horas – mais de 1 a cada 4 óbitos ocorridos no país em um dia foram no estado.


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