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Brasil bate novo recorde em número de casos e tem mais um dia com mais de mil mortos por covid-19

Média de novos infectados passa de 53 mil por dia. Para epidemiologista, governo prefere “contar mortos”, em vez de salvar vidas

©Mathias Dantas/AFP/Divulgação
©Mathias Dantas/AFP/Divulgação
Trata-se do pior momento do surto do coronavírus no Brasil. Ainda existe uma tendência de piora para as próximas semanas

São Paulo – O Brasil registrou 66.047 novos casos de covid-19 somente nas 24 horas entre ontem (14) e esta sexta-feira (15), segundo o mais recente boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Com o acréscimo, o país soma 8.390.341 infectados desde o início do surto, em março.

Pelo terceiro dia consecutivo, o número oficial de óbitos foi superior a mil. Foram confirmadas mais 1.038 mortes causadas pelo novo coronavírus. Já são 208.133 vidas perdidas para a covid-19. E a tendência das curvas epidemiológicas de infecções e mortes é de alta.

A média móvel de casos – soma de todos os casos dos últimos sete dias dividida por sete – esteve acima de 31 mil por quase uma semana, desde o dia 9. No entanto, nesta sexta esse número ficou acima de 53 mil. São exatos 53.805 novos casos em média por dia. Por sua vez, a média móvel de mortes pela pandemia no país nos últimos sete dias é de 953. Duas semanas atrás, em 31 de dezembro, foi de 710.

Conass informa números da pandemia desta sexta-feira (15)

São Paulo, o estado com os números mais elevados, tem um total de 1.605.845 casos confirmados e 49.600 mortes. O governador paulista, João Doria (PSDB), anunciou hoje a regressão de várias regiões do estado a medidas mais restritas de isolamento e distanciamento social. As medidas valerão a partir de segunda-feira e têm por base a piora nos números da pandemia.

O Rio de Janeiro, segundo estado mais atingido em números de casos (477.044), contabiliza 27.591 mortos pela covid-19, seguido por Minas Gerais (13.182), Ceará (10.209), Pernambuco (9.964) e Bahia (9.575).

Governos que só contam mortos

O Brasil foi a segunda nação do mundo a ultrapassar a marca de 200 mil óbitos e, em números absolutos, está atrás apenas dos Estados Unidos, que hoje ultrapassou a casa dos 390 mil mortos pela covid-19.

Segundo o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, a intensidade como que estão surgindo novos casos e mortes se explica principalmente pela negligência do poder público e da população, que preferiu dar as costas aos alertas dados pela ciência. “O que tem de diferente da chamada primeira onda para agora é que, provavelmente, há uma quantidade maior de indivíduos reinfectados e não conseguimos detectar anteriormente. Além da reinfecção, há a negligência das autoridades sanitárias e a negligência da população”, disse, em entrevista à revista CartaCapital.

“Nós temos avisado as autoridades sanitárias desde o ano passado. É uma série de fatores que levam a um cenário previsível. A nossa filosofia é salvar vidas e não contar mortos. O que vemos hoje é contrário: o governo estadual e o governo federal são aliados na filosofia de contar mortos e não salvar vidas”, completou, referindo-se ao colapso registrado em seu estado, o Amazonas.

Bolsonaro tem de sair

Diante do agravamento da pandemia de covid no Brasil e da situação crítica no Amazonas, onde pessoas estão morrendo asfixiadas por falta de oxigênio nos hospitais, cresce a pressão pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Ele é apontado como principal causador de mortes evitáveis, pela sua conduta desastrosa do país ante a pandemia

Internautas e movimentos sociais marcaram para a noite desta sexta-feira, às 20h30, um panelaço contra o presidente. A convocação feita por meio da hashtag #BrasilSufocado critica a omissão do presidente com a pandemia e exige de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, que dê andamento às dezenas de pedidos de destituição de Bolsonaro.


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