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Para Sabrina Fernandes, pauta do ecossocialismo conecta todas as lutas

Em entrevista, e falando claro como em seu canal no YouTube, socióloga comenta sobre anticapitalismo, ecologia, reforma agrária e outros desafios

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"Que tipo de democracia é essa que chancela o genocídio do povo negro, do povo indígena no Brasil, que chancela a violência contra a mulher?", critica Sabrina

São Paulo – No Wikipedia, Sabrina da Fonseca Borges Fernandes é descrita como socióloga, professora, ativista e youtuber brasileira conhecida pelo canal Tese Onze, onde promove debates sobre temas políticos de acordo com os pontos de vista da esquerda progressista. Doutora em Sociologia e especializada em economia política pela Universidade de Carleton, no Canadá, Sabrina Fernandes, no entanto, é mais do que isso.

Aos 31 anos, Sabrina chama a atenção de milhares de outros jovens e de pessoas de todas as idades, raças, orientações sexuais, traduzindo, com bom humor e linguagem objetiva, temas espinhosos, de forma que mais gente possa participar do debate.

Não à toa, tem 210 mil inscritos no Tese Onze, canal seguido por 153 mil fãs no Instagram. Seu foco, como informa, é debater o senso comum, e suas redes buscam trazer pontos da sociologia e da política, e acumular bagagem pra transformar o mundo. “O canal é inteiramente produzido por Sabrina Fernandes, doutora em sociologia, feminista marxista, ecossocialista e vegana. É autora do livro Sintomas Mórbidos: a encruzilhada da esquerda brasileira.

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Para Antonio Candido, a construção de um novo modelo como meio de superação das inviabilidades do capitalismo para a humanidade passa por uma nova reconstrução teórica. “Seria algo como um ecossocialismo. Tanto movimentos ambientalistas quanto organizações socialistas ainda não se convenceram de que uma bandeira não tem futuro sem a outra”

Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade de Brasília, Sabrina concedeu entrevista à Rede Brasil Atual no sábado (19), logo após a palestra de Angela Davis, no encerramento do Seminário Internacional “Democracia em Colapso?”.

O evento, promovido pela editora Boitempo e pelo Sesc SP, debateu durante cinco dias temas de política, economia, mundo do trabalho, educação, cultura, direito à comunicação, segregação, opressão de gênero e outras injustiças sobre o ponto de vista de quem sofre com o colapso da democracia. Confira série de reportagens.

Acompanhe 13 minutos com Sabrina Fernandes

No painel Crise da Democracia e Anticapitalismo no Século XXI, Sabrina dividiu espaço com o sociólogo Ruy Braga e o professor franco-brasileiro Michael Lowy, na noite de quinta-feira (17).

“A democracia não entra em colapso simplesmente pensando: ‘ah, teve o golpe’, ‘governo Bolsonaro’… Já estava em processo de erosão”, afirma Sabrina. “Que tipo de democracia é essa que chancela o genocídio do povo negro, do povo indígena no Brasil, que chancela a violência contra a mulher. Acredito que o que foi pautado de mais importante nesse processo inteiro foi a tentativa de construir uma resposta de alternativa. Qual a alternativa à democracia capitalista em que a gente vive, a partir do anticapitalismo.”

A socióloga tem no ecossocialismo uma de suas principais bandeiras e participa da construção do Fórum Popular da Natureza, a ser realizado em março de 2020. “Essa pauta está em debate. Cabe à gente de esquerda se apropriar e levar a sério. Não como uma pauta secundária, importante porque o Bolsonaro está atacando, mas como uma pauta de centralidade, que conecta todas as lutas. Lutas que parecem distintas pra muita gente. Mas como estamos lidando com sobrevivência, com a nossa possibilidade de viver uma vida mais frutífera na Terra, com maior sustentabilidade, é uma luta que interessa à maioria das pessoas do planeta”, avisa. “

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