ENTREVISTA

Vaza Jato vai fortalecer o combate à corrupção no país, afirma Glenn

“Autenticidade não é mais uma dúvida. A questão agora é como fortalecer o combate à corrupção, o que vamos fazer sobre isso no futuro”, defendeu o jornalista do Intercept

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“O jornalismo mais importante muitas vezes vem de fonte que cometeu crime para obter a informação”, disse Glenn, mas ressalvou que o interesse público impõe ao jornalista a obrigação de publicar

São Paulo – O principal legado da Vaza Jato será fortalecer o combate à corrupção no Brasil, defendeu na noite desta segunda-feira (2) o jornalista Glenn Greenwald, em entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura. Responsável pela série de reportagens que mostram a atuação em conluio entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato para dirigir de forma ilegal as investigações, Glenn não se deixou intimidar pelos jornalistas, que insistiram durante todo o programa sobre se seria ético usar dados que foram obtidos de forma ilegal.

“Autenticidade (das informações da Vaza Jato) não é mais uma dúvida, esse jogo cínico do Moro e Dallagnol acabou. A questão agora é como fortalecer o combate à corrupção, o que vamos fazer sobre isso no futuro”, defendeu.

Indagado também se o material da Vaza Jato não beneficiaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o jornalista respondeu que obviamente existe muito material ligado ao ex-presidente, “porque ele era um dos personagens mais importantes da Lava Jato para construir a fama de Moro e dos procuradores; e também publicamos materiais que não têm nada a ver com Lula”, disse ainda, lembrando da reportagem que mostrou a fixação dos procuradores com o ódio que emergiu na população desde a crise que se instalou no país.

A questão em torno das fontes dos documentos da vaza jato esteve presente desde o início da entrevista quando apresentadora Daniela Lima colocou o assunto. Glenn disse que o conteúdo é mais importante do que a questão da fonte.

A entrevista foi considerada uma aula sobre liberdade de expressão e teve grande repercussão nas redes sociais, com destaque nos trending topics, do Twitter, onde ocupava o primeiro lugar por volta de meia-noite.

Glenn defendeu que o trabalho jornalístico que tem sido feito pela vaza jato tem sido “extraordinário” sobretudo por conta compartilhamento com os veículos e os jornalistas, chegando inclusive à revista Veja, que construiu a imagem de Sergio Moro como um herói. Glen lembrou que a revista reconheceu em editorial que o que o ministro Moro fez enquanto o juiz era corrupto e ilegal.

Na entrevista Glenn também falou sobre os métodos para confirmar autenticidade de informações, as consultas a peritos e especialistas em tecnologia que proporcionam a confiança para publicação desses materiais.

“O jornalismo mais importante muitas vezes vem de fonte que cometeu crime para obter a informação”, disse Glenn, mas ressalvou que o interesse público impõe ao jornalista a obrigação de publicar.