G7

Macron, Piñera e Merkel inconformados com Bolsonaro: ‘Não é atitude de um presidente’

Presidente do Chile disse que reação de Macron à ofensa machista de Bolsonaro "foi incrível". Merkel também endossou

Reprodução
Reprodução
Presidente francês disse que tentou ser "correto", "pacífico" e "construtivo" com Bolsonaro: "Mas eu não poderia aceitar isso"

São Paulo – Um programa da rede de TV CNews que acompanhou o presidente da França, Emmanuel Macron, durante a 45ª reunião de cúpula do G7, realizada na cidade francesa de Biarritz em no final de Agosto, flagrou o momento em que ele critica abertamente o presidente Jair Bolsonaro em conversa com líderes mundiais. O vídeo foi divulgado nesta segunda-feira (9) pelo blog do repórter internacional Jamil Chade, no portal Uol.

Macron relatava ao presidente do Chile, Sebastian Piñera, que não pôde aceitar a ofensa de Bolsonaro à sua esposa, Brigitte Macron. No primeiro dia do encontro, o francês manifestou, pelo Twitter, preocupação com o crescimento das queimadas na Amazônia. O brasileiro revidou com um ataque pessoal. Em postagem de um apoiador que buscava ironizar a aparência e as diferenças de idade entre as primeiras-damas brasileira e francesa – Brigitte é 25 anos mais velha que Macron, e Michelle é 27 anos mais jovem que Bolsonaro – Bolsonaro ironizou: “Não humilha cara. Kkkkkkk”.

Atacado também pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, Macron reagiu, durante entrevista ao lado de Piñera, convidado a participar da cúpula do G7. Ele disse que era triste ver o presidente brasileiro e seus ministros promovendo ataques desse nível. “É triste, mas é triste primeiro para ele (Bolsonaro) e para os brasileiros. (…) Penso que as mulheres brasileiras sentem vergonha ao ler isso, vindo de seu presidente. (…) Como tenho uma grande amizade e respeito pelo povo brasileiro, espero que tenham logo um presidente que se comporte à altura”, afirmou o líder francês.

Na conversa flagrada pelo canal francês, Piñera elogia a reação de Macron. “Foi incrível”, disse o chileno. Macron, respondeu: “Claro, eu tinha de reagir. Você entende?” “Sim, eu concordo”, disse Piñera. “Eu queria ser pacífico. Queria ser correto, construtivo com o cara (Bolsonaro) e respeitar sua soberania. Tudo bem. Mas eu não poderia aceitar isso”, justificou. “Não”, exclamou a chanceler alemã Angela Merkel.

O governante francês já havia manifestado indignação anteriormente com Bolsonaro, quando este cancelou encontro com ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian. “Você sabe que, quando meu ministro de Relações Exteriores foi lá?”, perguntou a Piñera. “Ele (Bolsonaro) o deveria receber e cancelou no último minuto para ir cortar seu cabelo. E filmou a si mesmo. Desculpa. Mas isso não é a atitude de um presidente”, completou.

#DesculpaBrigitte

O comentário machista de Bolsonaro foi alvo de reação das mulheres brasileiras, que emplacaram a hashtag #DesculpaBrigitte no trending topics do Twitter.  Apesar de toda a repercussão, local e internacional, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a atacar a primeira-dama francesa nos mesmo termos. O presidente disse isso, e essa é a verdade, essa mulher é realmente feia”, disparou durante evento realizado na Associação Comercial do Rio de Janeiro, na última quinta-feira (5).

A declaração de Guedes causou nova indignação. “Mas qual é o problema com o governo brasileiro? Depois de Jair Bolsonaro, o ministro da Economia? Bando de grosseiros! Quando eles insultam Brigitte Macron, são todas as mulheres francesas que se sentem insultadas”, publicou a ex-ministra da Educação do governo Nicolas Sarkozy e atual presidenteada região de Ilê-de-France, Valérie Précresse.

No dia segunte, a filha do primeiro casamento de Brigitte Macron, Tiphaine Auzière, lançou uma campanha contra a misoginia por meio de um vídeo publicado em suas redes sociais. “Estamos em 2019 e um ainda têm  como alvo o físico de uma mulher que é uma personalidade pública. Isso ainda existe? Sim. “Estamos em 2019 em um responsável político visa uma personalidade pública sobre seu físico. Isso ainda existe”, disse Tiphaine. Ela concluiu o vídeo exibindo um cartaz com os dizeres #Balancetonmiso (denuncie o seu misógino).

O líder do partido/movimento político França Insubmissa, Jena-Luc Mélenchon, que esteve no Brasil para visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também postou em seu perfil um texto dirigido à primeira-dama da França. “Senhora, os brasileiros que conheci estão indignados com a grosseria de seus líderes em relação a você. Eu também. Quem a insulta é quem aprisiona Lula inocentemente. Sinta-se forte em nosso desgosto por tais brutos.”

Leia também

Últimas notícias