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Bolsonaro é o pior da ‘velha política’, diz advogado criminalista

Assim como o presidente, integrantes da Lava Jato usam discurso moralista para encobrir práticas abusivas que desrespeitam a lei. Órgãos de controle permanecem inertes

Antonio Cruz/Agencia Brasil
Antonio Cruz/Agencia Brasil
"Já botei parente, sim", disse o presidente, sobre denúncia de contratação de familiares pelo clã Bolsonaro

São Paulo – Reportagem do jornal O Globo publicada no último domingo (4) revelou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL), quando deputado, e seus três filhos, que ocupam cargos no Legislativo, empregaram 102 pessoas com quem têm algum algum grau de parentesco. Destes, 13% com indícios de que não trabalhavam efetivamente. “Já botei parente, sim, no passado. Qual é o problema?”, questionou o presidente, fazendo pouco dos casos de nepotismo. Para o advogado criminalista Leonardo Yarochewsky, essa situação mais uma vez demonstra que a chamada “nova política” é o que há de pior na “velha política”.

Em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (5), Yarochewsky aponta a contradição entre um político que incorre nessas e outras práticas e, ao mesmo tempo, tem uma base de apoio com um discurso que defende o fechamento do Congresso Nacional como forma de combater práticas corruptas. Ele classificou como “asquerosas” e “rasteiras” as declarações de Bolsonaro para justificar a prática do nepotismo, tripudiando do povo brasileiro. “Não se trata de nova ou velha política. Trata-se de uma única política comprometida com valores fundamentais, e com a democracia, no seu sentido mais amplo”, afirmou.

Para o advogado criminalista, o ministro da Justiça Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato também se enquadram nessa classificação “moralista”. Apresentados como “paladinos da Justiça”, cometem uma série de abusos, ilegalidades e crimes, tudo em nome do suposto combate à corrupção, adotando uma lógica em que os fins justificam os meios”.

As últimas revelações da Vaza Jato, em reportagem do site The Intercept Brasil em parceria com o jornal Folha de S.Paulo, mostram que Moro deixou de informar em sua prestação de contas uma palestra remunerada ministrada em setembro de 2016, quando era juiz responsável pelas ações da Operação Lava Jato em Curitiba. Mais uma vez, o ministro pediu desculpas, alegando esquecimento para justificar o ocorrido. Já o procurador Deltan Dallagnol foi flagrado estimulando investigações contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Práticas abusivas

Yarochewsky destaca que órgãos de controle, como o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público, que deveriam investigar e punir práticas abusivas cometidas por juízes e procuradores, não têm agido para coibi-las, o que acaba estimulando esse tipo de comportamento. Ansiando ser reconduzida ao cargo pelo atual presidente, a procuradora-geral da República Raquel Dodge também evita se chocar com a Lava Jato.

A “última trincheira” é o STF, aponta o advogado. Ainda assim, a Corte tem se mostrado dividida. De um lado, a após as revelações das conversas, o ministro Gilmar Mendes tem feito reiteradas críticas. Ele classificou a Lava Jato como uma “organização criminosa” destinada a perseguir pessoas, em entrevista ao Correio Braziliense. Por outro lado, o ministro Luís Roberto Barroso, que recebeu Moro e Dallagnol em coquetel privado, chamou de “fofoca” as conversas reveladas.

Confira abaixo a íntegra da entrevista

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