Quati

Mais de 3.200 vítimas de rompimento de barragem na Bahia lutam por reparação

Pessoas atingidas em Pedro Alexandre e Coronel João Sá estão preocupadas também com a situação de outras três barragens na região

Diego Santos/ Defesa Civil de Coronel João Sá
Diego Santos/ Defesa Civil de Coronel João Sá
O município de Coronel Jão Sá foi o mais afetado: 2.770 vítimas

São Paulo – Quase uma semana após o rompimento da barragem Lagoa Grande, em Pedro Alexandre (BA), no último dia 11, a água que invadiu casas e deixou 80 pessoas desabrigadas e 760 desalojadas em diversos pontos do município, ainda não baixou. Será necessário o uso de equipamentos para drenagem. Mas a água para beber, cozinhar e tomar banho está em falta há três dias. A força da enxurrada danificou a tubulação de distribuição. Na vizinha Coronel João Sá, a água até baixou. Mas o número de desabrigados é bem maior: 390. E há 2.010 desalojados. As aulas foram suspensas, porque as escolas foram transformadas em abrigos. O número total de desabrigados e desalojados é de 3.200 pessoas.

Medidas emergenciais estão sendo tomadas pela Defesa Civil estadual e dos municípios, bem como pelo Corpo de Bombeiros. As causas e os danos socioambientais decorrentes serão apurados pelo Ministério Público do Estado da Bahia, que instaurou inquérito civil nesta segunda-feira (15). Em nota do órgão, a promotora de Justiça Luciana Khoury destacou que as famílias mais carentes do município moravam nas proximidades do rio. “Essas pessoas perderam tudo e precisam ser assistidas. Não podem ser mais impactadas do que já estão”.

A preocupação é grande também com as comunidades rurais. Quati, Boa Sorte, Lotero, Angico e Trapirá, que ficaram isoladas por conta de trechos prejudicados nas estradas. O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), que tem integrantes em Pedro Alexandre e Coronel João Sá, estima que 90 famílias estejam ilhadas nessas localidades.

Membro da Coordenação Nacional do MAB, Andreia Neiva disse que alimentos, roupas, cobertores e medicamentos estão chegando por meio de ajuda humanitária de emergência. Ela defende, também, o planejamento e execução de um cadastro de todos os atingidos.

“As famílias atingidas são pobres em sua maioria, têm pouca informação. Se não forem cadastradas, as famílias não serão indenizadas”, explicou, lembrando que há pessoas que perderam suas casas, carros, móveis, seus pequenos negócios. Enfim, muitas perderam tudo o que tinham. “Muitas comunidades tiravam o sustento da pesca na água represada. Os peixes eram vendidos nas feiras. Enquanto a situação é mostrada na mídia, há ajuda. E depois, quando não estiver mais? Por isso temos de pensar em longo prazo”.

Em Coronel João Sá, o MAB conversou com atingidos que estão alojados na sede da Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB). O movimento encontrou a maioria das vítimas em situação de vulnerabilidade, carentes de acompanhamento psicológico e médico, já que muitos apresentam sintomas como coceiras e diarreia.

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