Sexta tem greve

Centrais afirmam que medidas judiciais não intimidarão realização da greve geral

Segundo Vagner Freitas, ações antissindicais serão contestadas na Justiça e na OIT. UGT e Força ratificam paralisações contra a reforma da Previdência

Arte: Alex Capuano/CUT
Arte: Alex Capuano/CUT
Milhões de trabalhadores devem cruzar os braços na greve geral desta sexta-feira

São Paulo – Decisões provisórias concedidas pela Justiça em forma de liminar não vão atrapalhar a greve geral marcada para esta sexta-feira (14) em todo o Brasil. A afirmação é do presidente da CUT, Vagner Freitas. “Não será nenhuma medida judicial que impedirá os trabalhadores e as trabalhadoras de fazer greve geral para barrar a reforma da Previdência de Bolsonaro”, diz ele.

“Vamos denunciar à Organização Internacional do Trabalho (OIT) esses juízes que, por solicitação de governos e patrões, tentam constranger os trabalhadores. Isso só demonstra o quanto a greve geral está na boca do povo e preocupando os empresários”, afirma Vagner.

Dezenas de categorias profissionais, de todo o Brasil, definiram em assembleias a adesão à paralisação nacional contra o fim da aposentadoria, por mais empregos e contra os cortes na educação, lembra o dirigente sindical. Dentre elas, bancários, professores, metalúrgicos, químicos, portuários, trabalhadores rurais, metroviários, motoristas, cobradores, caminhoneiros, trabalhadores da educação, da saúde, de água e esgoto, dos Correios, da Justiça Federal, eletricitários, petroleiros, enfermeiros, vigilantes, servidores públicos.

Segundo a UGT, grande parte dos trabalhadores representados por sindicatos ligados à central vai parar, como pessoal do comércio e serviços, motoboys, taxistas, motoristas de ônibus tanto da capital paulista como da EMTU (intermunicipais da região metropolitana), ferroviários da CPTM, aeroportuários. “Vai parar. Anota aí que vai parar, a orientação é ficar em casa”, informou a UGT.

“A greve é um direto constitucional e legítimo. Temos que usá-lo quando é preciso. Mas é bom deixar bem claro aqui, que, desde o começo do ano, procuramos o atual governo para discutir a reforma da previdência, a tributária e outras que fossem necessárias para destravar a economia e permitir a volta do crescimento, com a criação de empregos. Não tivemos sucesso. Nenhuma porta se abriu”, observa a central em seu site.

“A greve geral está mantida e é nacional. A população tem de estar preparada para não sair de casa. Fomos em fábricas e já reforçamos”, afirmou João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical. De acordo com o dirigente, já confirmaram adesão à paralisação sindicatos dos metalúrgicos ligados à Força – pelo menos 500 mil trabalhadores – químicos, têxtil, alimentação, construção civil e transporte.

Além da paralisação, em mais de 170 cidades brasileiras  estão confirmados atos políticos.

“Não vamos ceder a esse constrangimento à lei de greve”, diz o presidente da CUT, mencionando especificamente o setor de transporte. “Esses trabalhadores também decidiram em assembleias legítimas aderir à paralisação de amanhã, e assim será.”

Vagner Freitas ressalta que o uso de medidas judiciais configura prática antissindical e que liminares com a finalidade de intimidar o movimento não serão acatadas. Possíveis multas serão questionadas judicialmente e em fóruns internacionais, como a OIT. “Conclamamos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil inteiro a não sair de casa amanhã e apoiar a paralisação. A greve geral faz parte da luta para garantir que os brasileiros tenham direito a se aposentar, tenham direito a seguridade social.”

A greve geral de 14 de junho foi anunciada em ato unificado do Dia Internacional do Trabalhador, em 1º de maio, e é organizada pelas centrais sindicais CGTB, CSB, CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical, Nova Central e UGT.

“Sexta-feira é o dia de todos os brasileiros e brasileiras, com carteira assinada ou não, participarem da greve geral. Queremos mais empregos e geração de renda. Trabalhador não aguenta mais pagar as contas das crises perdendo direitos trabalhistas e previdenciários”, disse Vagner.

Transporte vai parar

Sindicatos e centrais que representam os trabalhadores da área de transporte reforçam que as medidas judiciais não abalarão movimento.
As liminares foram concedidas pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) à Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo e à CPTM. Estão previstas multas que vão de R$ 200 mil a R$ 1 milhão, em caso de descumprimento. O Metrô teria de manter 100% do quadro de servidores no horário de pico e 80% no restante do dia. Já a CPTM conseguiu liminar para manter 100% do quadro durante todo o horário de operação.

“Está tudo pronto para nossa greve, que vai reunir metroviários, condutores de São Paulo, do ABC, de Guarulhos, de Osasco, da Baixada, ferroviários de cinco linhas da CPTM. Vamos fazer uma grande greve junto com metalúrgicos, professores da rede pública e privada, correios, químicos. Todos mobilizados para participar da greve em defesa da aposentadoria de todos os brasileiros”, afirma o coordenador-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Wagner Fajardo. “Amanhã não tem metrô, não tem ferrovia, não tem ônibus, não tem ninguém trabalhando”, completa.

 

 

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