Principal prêmio do governo americano vai para brasileiro

O neurocientista Miguel Nicolelis tem demonstrado que primatas e humanos podem controlar o movimento de dispositivos artificiais com a atividade elétrica cerebral

Nicolelis é o primeiro brasileiro agraciado com o prêmio (Foto: Everton Zanella Alvarenga/Divulgação TV Cultura)

São Paulo – Pioneiro na pesquisa em busca da conexão entre o cérebro e máquinas, que no futuro pode levar a tecnologias que permitam, por exemplo, que pessoas com paralisia voltem a andar, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis foi agraciado com o prêmio mais importante concedido pelo governo dos Estados Unidos.

O Director’s Pioneer Award, programa de apoio a pesquisas dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), espécie de ministério da saúde, reconhece o trabalho de pesquisadores excepcionalmente criativos e com propostas pioneiras para desafios importantes na pesquisa médica e comportamental. É o primeiro brasileiro na seleta lista de vencedores.

O grupo liderado pelo brasileiro tem demonstrado que humanos e alguns primatas podem usar a atividade elétrica derivada de seus cérebros para controlar diretamente o movimento de dispositivos artificiais e complexos, como próteses e ferramentas computacionais. O conhecimento gerado pelas pesquisas tem possibilitado a evolução da tecnologia cérebro-máquina, um campo revolucionário.

Nicolelis planeja aplicar os US$ 2,5 milhões do prêmio no desenvolvimento do primeiro ambiente em realidade virtual controlado pelo cérebro e projetado para investigar as propriedades dinâmicas de atividades cerebrais em grande escala. Outra aplicação do auxílio será no desenvolvimento de alternativas para o tratamento de distúrbios neurológicos.

“A pesquisa em interface cérebro-máquina até hoje apenas tocou o enorme potencial biomédico que as tecnologias ativadas pelo cérebro deverão ter no futuro, tanto na neurociência básica como na clínica”, disse Nicolelis.

Nicolelis graduou-se em medicina pela Universidade de São Paulo em 1984, onde fez o doutorado em ciências-fisiologia geral. É fundador do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), localizado em Natal. Em abril, o cientista foi eleito para a Academia Francesa de Ciências. 

Com informações da Agência Fapesp

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