na memória

Humanização dos profissionais é o diferencial do Mais Médicos

Em reportagem da Rádio Brasil Atual, médico e paciente falam de suas experiências no programa que está sob ameaça

EBC

‘Começamos a fazer um trabalho que não tinha na UBS, como acupuntura. Foi muito lindo’, relata cubano Raymundo

São Paulo – A saída dos profissionais cubanos do Programa Mais Médicos, anunciada na semana passada, não frustrou apenas os médicos caribenhos  que estavam no Brasil. Seus pacientes afirmam que um de seus principais diferenciais era o atendimento humanizado das equipes e a atenção dos profissionais com cada um deles.

Com especialização em Clínica Geral, Raymundo Charro, que atendia em uma Unidade Básica de Saúde de São Bernardo, no ABC Paulista, lamentou a atual situação. “Foi uma experiência muito linda, porque estávamos acostumados com outra maneira de trabalhar. Chegamos aqui e vimos uma saúde precária. Começamos a fazer um trabalho que não tinha na UBS, como acupuntura. Foi muito lindo”, relata o profissional cubano ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual.

Crítico do programa Mais Médicos, o presidente eleito Jair Bolsonaro impôs condições para continuar a parceria, o que desagradou o governo cubano. Na semana passada, Cuba anunciou que chamaria seus médicos de volta por não concordar com as exigências impostas. 

Durante o período em que foi assistido na UBS do Parque Selecta, na periferia de São Bernardo, Carlos Rocci, de 79 anos, diz que a humanização no atendimento é a melhor lembrança que tem do programa.

“Além de médico, ele era humano, tratando as pessoas com carinho e dedicação total. Eu tinha problemas de infecção, mostrei para ele e já apontou o tratamento. Foi nota dez. Um médico profissional que te enxergava como ser humano também.”

Quando chegaram ao Brasil, em 2013, os profissionais de saúde cubanos integrantes do Programa Mais Médicos não escolheram ou colocaram obstáculos aos locais onde iriam atuar. Segundo Raymundo, os médicos tinham a certeza de que iriam colocar em prática todo o conceito da medicina de Cuba no atendimento à atenção básica, saúde da família e na prevenção.

Ele ainda afirma que o fim do programa vai penalizar muitas pessoas que ficarão sem atendimento. “Era uma política diferenciada com a família. Tomara que voltemos a trabalhar no Brasil como médicos, para ajudar o povo brasileiro. Muita gente vai ficar medicamente com essa decisão do presidente eleito”, lamenta. 

Secretários municipais de Saúde e prefeitos reagiram à interrupção da cooperação técnica entre a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o governo de Cuba, que possibilitava o trabalho de cerca de 8.500 profissionais cubanos no programa Mais Médicos.

Em nota conjunta, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e a Frente Nacional de Prefeitos apelam para a manutenção dos profissionais cubanos no Brasil sob risco de faltar atendimento à população, principalmente das menores e mais distantes cidades do país.

Ouça a reportagem a partir de 01:29:55

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