Britânicos obtêm documentos sobre ineficácia dos mosquitos transgênicos
Organização GeneWatch divulga alerta no Brasil sobre falhas da tecnologia. Dados são de emails trocados entre gestores de saúde das Ilhas Cayman e da Oxitec, que produz os insetos liberados lá e aqui
Publicado 24/07/2018 - 07h03
Documento de 22 páginas aponta ainda o plano de negócios da empresa, que praticamente obriga clientes a assinar de contratos
São Paulo – Os mosquitos transgênicos liberados pela Oxitec em bairros de Jacobina e Juazeiro (BA), Piracicaba (SP) e Juiz de Fora (MG), com a promessa de reduzir as populações do Aedes aegipti transmissor do vírus da dengue, zika e chikungunya, não funcionam, são caros e colocam a saúde da população em risco. O alerta é do observatório britânico GeneWatch, especializado em pesquisas, políticas e ações envolvendo organismos geneticamente modificados.
Em extenso relatório divulgado no Brasil – Mosquitos Aedes transgênicos da Oxitec: Será que funcionam mesmo? –, os pesquisadores advertem gestores, parlamentares, promotores de Justiça, especialistas e integrantes de conselhos de saúde e meio ambiente sobre a tecnologia desenvolvida pela empresa atualmente controlada pela corporação norte-americana de biotecnologia Intrexon.
Por meio de ferramenta legal de acesso à informação, pesquisadores da GeneWatch obtiveram cópias de e-mails trocados entre gestores de saúde das Ilhas Cayman, território britânico no Caribe, e representantes da Oxitec, empresa que opera também no arquipélago.
Os dados coletados foram então confrontados com informações divulgadas pela própria companhia em meios de comunicação, no site oficial e também em audiências públicas, como no Congresso dos Estados Unidos. A organização analisou ainda resultados de pouquíssimos artigos publicados a respeito em periódicos científicos, que apresentaram lacunas e inconsistências.
É o caso daqueles referentes às experiências realizadas no distrito Itaberaba, em Juazeiro, onde foram liberados Aedes transgênicos em outubro de 2012. Segundo a Oxitec, a redução na população dos insetos selvagens da ordem de 96% – o que foi desmentido por pesquisadores e contestado por revistas especializadas.
Com 22 páginas, o relatório da GeneWatch reúne também mensagens que apontam para a maneira como a empresa pressiona os clientes. No caso da Ilhas Cayman, havia a cobrança de US$ 8 milhões para a soltura de insetos transgênicos ao longo de três anos.
Clique aqui para acessar o relatório na íntegra, em português.