retrocessos

Para ex-ministro, alta da mortalidade infantil é fruto da incompetência do governo

'É preciso vontade política para vencer essa visão que entrega tudo ao mercado, inclusive nossas vidas', afirma Arthur Chioro

Arquivo EBC/Reprodução

Desde 1990, o Brasil apresentava queda média anual no índice de mortalidade infantil, que voltou a crescer em 2016

São Paulo – Pela primeira vez houve alta da mortalidade infantil no país desde 1990. Segundo o Ministério da Saúde, o crescimento foi de 4,8% em 2016, na comparação com o ano anterior. Na análise do médico sanitarista, professor universitário e ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, o novo dado está ligado às medidas promovidas pelo governo de Michel Temer. De acordo com Chioro, todos os segmentos mais vulneráveis da população correm risco nesse momento de desmonte de políticas públicas.

“À medida que você tem um agravamento das condições econômicas, a destruição da rede social, o comprometimento do Bolsa Família, aumento do desemprego dos pais, tudo isso fragiliza demais o componente da mortalidade infantil tardia”, explica o ex-ministro da Saúde, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual, referindo-se aos óbitos que ocorrem entre o 28º dia e 364º da criança.

Chioro destaca a fragilização do Sistema Único de Saúde (SUS), que repercute também sobre as taxas de mortalidade. “As medidas efetuadas desastrosamente pelo governo Temer na área da saúde, como o comprometimento no repasse de recursos para municípios e estados e o desmonte de políticas como a ‘Rede Cegonha’ prejudicaram todo esse atendimento que é primordial ao bebê”, pontua Chioro.

Sem meias palavras, o ex-ministro é taxativo ao considerar como “absurdo”, o argumento usado pelo governo que cita uma eventual relação com a epidemia do Zika vírus para explicar o aumento da mortalidade infantil. “É preciso assumir que esse aumento é fruto da incompetência e incapacidade de gestão”, sugere Chioro.

Para ele, a sociedade não pode permitir o que considera ser um retorno ao passado. “Isso não pode ser admitido porque nós temos tecnologia, temos rede e capacidade de fazer direito. É preciso vontade política para vencer essa visão que entrega tudo ao mercado, inclusive nossas vidas”, argumenta.

Ouça a entrevista completa:

Leia também

Últimas notícias