Distorção

Entidade repudia reportagem do ‘Fantástico’ sobre ozonioterapia

Para a Associação Brasileira de Ozonioterapia, programa privilegiou o sensacionalismo em detrimento da verdade, 'impedindo acesso da população a informações corretas'

Reprodução/Agência Senado

Regulamentada pela Odontologia e Enfermagem, a técnica está na lista de Práticas Integrativas e Complementares do SUS

São Paulo – A Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz) manifestou hoje (10) repúdio ao teor da reportagem veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (8). A entidade afirmou que está tomando providências administrativas e legais. Segundo a Aboz, a matéria privilegia “o sensacionalismo em detrimento da verdade”, e impede que a população tenha acesso a informações corretas e assim “colide com os pressupostos do exercício do jornalismo”.  

Em nota assinada pelo presidente, o médico Arnoldo de Souza, a associação afirma que jamais propagou que a ozonioterapia cura câncer, aids e tampouco que a quimioterapia não tem efeito, conforme apresentado no jornalístico. “Todas as indicações devem ser baseadas em evidências científicas, podendo a ozonioterapia ser complementar aos tratamentos convencionais, com o único objetivo de tratar e melhorar as condições do paciente”, afirma.

E que os dois profissionais entrevistados não representam os princípios propostos pela entidade: “Reiteramos que opiniões expressas por esses profissionais representam uma manifestação individual, não tendo a entidade qualquer ingerência, interferência ou responsabilidade sobre essas opiniões”.

Mistura de gases

A terapia que consiste na aplicação de uma mistura dos gases oxigênio e ozônio administrada por via endovenosa, retal ou diretamente no local a ser tratado, conforme a finalidade, é utilizada há séculos em diversos países devido a suas propriedades anti-inflamatórias, antissépticas e antibactericidas.

Está regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia, por meio da resolução CFO 166/2015, e pelo Conselho Federal de Enfermagem, no parecer Cofen 388/2015. Em março passado, o Ministério da Saúde incluiu o procedimento na lista de Práticas Integrativas e Complementares (PICS) aprovadas para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Além disso, há um projeto de lei que regulamenta a ozonioterapia como Medicina Complementar no Brasil. Aprovado no Senado, tramita atualmente na Câmara. Em dezembro, o Conselho Federal de Medicina (CFM) encabeçou manifesto contra o projeto, com assinatura de 55 entidades médicas. Na ocasião, a Aboz rebateu a manifestação.

Hoje, o CFM divulgou a Resolução nº 2.181, que autoriza a ozonioterapia no país apenas como procedimento em caráter experimental. Ou seja, no âmbito de estudos submetidos à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), e sem a cobrança pelo tratamento, como ocorre atualmente. O desrespeito à norma pode levar à abertura de sindicâncias e de processos éticos-profissionais contra os infratores.

Segundo o conselho, faltam pesquisas mais robustas que comprovem a eficácia e segurança da técnica. Nos últimos anos, uma comissão interna avaliou mais de 26 mil trabalhos sobre o tema. Ao final, a entidade entendeu que “seriam necessários mais estudos com metodologia adequada e comparação da ozonioterapia a procedimentos placebos, assim como estudos comprovando as diversas doses e meios de aplicação de ozônio”.

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Confira o vídeo do Fantástico:

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