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Alexandre Padilha: ‘Existe uma aliança entre Doria, Alckmin e Temer para sucatear a saúde’

Ex-ministro da Saúde critica postura dos tucanos e de Temer em relação ao setor. 'Eles têm uma cartilha de reduzir recursos'

reprodução/ebc

‘Querem quebrar o sistema de saúde para que as pessoas desesperadas procurem convênios’

São Paulo – “Em São Paulo, temos a dupla do governador Geraldo Alckmin (PSDB) com o prefeito João Doria (PSDB), casadinhos com o presidente Michel Temer (PMDB). Eles têm uma cartilha de reduzir recursos na saúde”, afirmou o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. Segundo ele, tais gestores têm como objetivo precarizar a saúde pública. “A visão deles é de que a saúde é uma mercadoria”, completou.

Padilha foi entrevistado, ao lado do deputado estadual Marcos Martins (PT), pela âncora Rosário Mendez, no programa Café SP, da Rádio Linha Direta. O vice-presidente do PT teceu duras críticas aos tucanos durante suas falas. “Doria paralisou obras em hospitais de toda a cidade. Em Parelheiros, uma região com 300 mil habitantes e sem nenhum hospital, neste ano não teve uma batida de prego no hospital que vinha sendo construído em um bom ritmo durante a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT)”, disse.

“Haddad deixou recursos no orçamento para finalizar as obras, mas ele (Doria) não faz isso. Ao contrário, está fechando maternidades, Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Veja o exemplo do Samu, um serviço de resgate exemplar. Como Doria aumentou a velocidade para carros nas marginais Tietê e Pinheiros, também aumentou o número de vítimas. Ele começou a deslocar viaturas do Samu para ficarem próximas, deixando o resto da cidade carente de tal atendimento”, afirmou.

Os problemas relacionados ao serviço de resgate não são de exclusividade da gestão municipal, de acordo com Padilha. “O estado de São Paulo é o único de todo o Brasil que não contribui para o Samu. E o governador tucano já se comprometeu a ajudar, mas nunca o fez, usa como argumento que existe o serviço de resgate do estado, mas o Ministério público já descobriu que, na prática, esse serviço é mantido pelos municípios. Não existe transparência, o MP tentou ter acesso à mais informações sobre os atendimentos desse resgate, mas eles não existem. Os tucanos têm essa prática de esconder as mazelas”, afirmou.

Padilha se disse surpreso, por exemplo, com ações de marketing de Doria. “Ele tem uma postura, da qual deve se orgulhar, de viver mais no Facebook do que na vida real. Recentemente, anunciou o fechamento de uma UBS como algo positivo (…). No caso de Doria, ele corta recursos na saúde e beneficia a Ambev, por exemplo, no Carnaval de Rua”, criticou.

A questão central, de acordo com Padilha, é precarizar a saúde pública para privilegiar empresários do setor. “Veja, no Metrô, agora estão vendendo consultas médicas. Se você for em uma UBS para marcar uma consulta de ginecologia, por exemplo, estão marcando só para 2018. Essa história de que o Doria acabou com as filas é só no mundo da propaganda dele. Quando ele sucateia, destrói a saúde pública, muita gente ganha dinheiro com isso”, apontou. “Existe uma aliança entre Doria, Temer e Alckmin para sucatear a saúde. Eles querem quebrar o sistema de saúde para que as pessoas desesperadas procurem convênios médicos.”

Saneamento e saúde

O deputado Marcos Martins, integrante da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo, criticou a condução do governo estadual em relação ao saneamento básico no estado. “Iniciamos uma luta pelo banimento do amianto há 21 anos. E hoje, ainda temos uma grande quantidade de tubulação de amianto em canos da Sabesp”, disse. O material é banido em diferentes países do mundo por ser considerado um produto cancerígeno.

“A Sabesp leva essa água para as casas, para as pessoas consumirem. Em Osasco, toda a região ainda tem isso. Cobramos a substituição desta rede que está velha. Veja, em São Paulo, temos uma tubulação de 80 anos.” Além do problema do amianto, de acordo com o parlamentar, o fato de a tubulação ser antiga resulta em desperdício por vazamentos. “A perda é muito grande, de 35% a 45%”, disse. “Então, ou perdemos a água ou nos fornecem contaminada.”  Padilha classificou a situação como “muito grave”, ressaltando que a inação do governo do estado acarretou “falta de água nas áreas periféricas, onde a população tem dificuldade de acesso a outros serviços”.

O ex-ministro ainda relacionou a falta de água na cidade de São Paulo com problemas de surtos de doenças transmitidas pelo mosquito da dengue. “Sou médico infectologista. Durante anos, não tivemos dengue na capital. Ficou provado, por um levantamento que fizemos em 2015, que na região de São Paulo começamos a ter o mosquito exatamente porque as pessoas passaram a reservar água. Ali, as pessoas começaram a ter baldes e, como não estávamos acostumados, viraram criadores de dengue. O principal motivo para termos o mosquito foram os reservatórios que surgiram por conta da situação de não renovação das tubulações da Sabesp.”

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