Erradicação da tuberculose ainda é distante, diz pneumologista

Para especialistas, o fim da doença associada à pobreza depende de investimentos em diagnóstico adequado, tratamento e pesquisas

São Paulo – Uma das metas da Organização Mundial da Saúde para 2050, a erradicação da tuberculose dificilmente será alcançada na opinião do médico Marcus Barreto Conde. O coordenador da comissão de tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia sustenta que focos em países pobres e falta de investimentos em diagnóstico dificultam tratamento.

É nas nações pobres e em desenvolvimento que estão 80% de todos os doentes. “A tuberculose, que mata anualmente 1,8 milhão de pessoas no mundo, é resultado do baixo índice de qualidade de vida multiplicado pelas más condições de saúde”, aponta Conde.

Segundo o especialista, todo ano surgem no Brasil em torno de 80 mil novos casos. A vacina BCG, incluída no programa brasileiro de imunização, protege a criança contra formas graves da doença na infância.

Para complicar, apenas 60% dos doentes brasileiros tem acesso ao teste de escarro – um exame simples, de baixo custo (em torno de R$ 60). E dos que são diagnosticados e passam a ter acesso ao medicamento gratuito, a maioria não o segue adiante.

“Essas drogas, muito antigas, devem ser tomadas por tempo prolongado, o que desanima a pessoa. Sem contar que muitas vezes ela não tem dinheiro para ir ao posto buscar o remédio”, diz o especialista.

Conde entende que é preciso buscar novos testes e pesquisar novos remédios. Ao mesmo tempo, é necessário universalizar o acesso ao teste existente e aumentar a atenção à pessoa com tuberculose para que não desista do tratamento.

A tuberculose chegou a ficar perto ser erradicada. No entanto, como o HIV aumenta em 20 vezes o risco de sua instalação, o aparecimento da Aids voltou a fazer muitas vítimas principalmente na África. Os cientistas acreditam existir cerca de 1,4 milhão de pessoas com as duas infecções. Desnutrição, fumo, diabetes e abuso de álcool também aumentam o risco.

Para os especialistas, a erradicação exige ações vigorosas na melhoria contínua do diagnóstico inicial e do tratamento, do desenvolvimento e fortalecimento de políticas de saúde e investimentos em pesquisa.

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