Maioria das pessoas com leptospirose não sabe que tem a doença

Sintomas da doença transmitida por ratos pode parecer com uma gripe. Mas complicações causam até 20% de óbitos

A maioria das pessoas que contraem leptospirose não sabe que tem ou teve a doença, afirma o médico e pesquisador da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP, Evaldo Stanislau Affonso de Araújo. O mal transmitido pela urina de ratos tem sintomas semelhantes aos de uma gripe comum ou sequer produz efeitos perceptíveis.

Entretanto, a leptospirose pode levar ao comprometimento das funções renais e a hemorragias, principalmente no pulmão. Nesses casos, a letalidade varia de 10% a 20%, avalia o especialista.

A constatação é grave em um período de chuvas como é o verão no Sul e Sudeste brasileiro. Em São Paulo (SP), o número de casos aumentou 61% em 2009 em relação ao ano anterior. As suspeitas no mês de janeiro atingem 266 na capital paulista.

Os sintomas mais comuns da leptospirose são febre, dores no corpo, nas pernas e de cabeça, náuseas, vômito, diarreias e icterícia (pele amarelada). “O quadro mais típico é caracterizado pela presença de dores musculares, principalmente nas pernas e panturrilha e a pele amarelada, com tom mais cenoura, que chamamos de rubino”, explica Araújo, em entrevista à Rede Brasil Atual.

“Como há formas de leptospirose com poucos sintomas, a maioria das pessoas tem a doença e não percebe”, aponta Araújo. “É uma doença ora sintomática, ora assintomática. Passa por uma gripe e a pessoa nem sente”, descreve.

Prevenção

De acordo com Araújo, a melhor forma de prevenir é evitar o contato com ratos, lixo, solo molhado ou barro e evitar contato com áreas de enchente. “Ferimentos aumentam a chance de contágio, portanto áreas feridas devem ser bem protegidas e limpas após uma exposição a uma situação de risco”. Diante da necessidade de ir a uma área de risco, “o ideal é utilizar equipamentos de proteção como luvas, roupas e botas impermeáveis”, adverte.

O médico sugere que profissionais que lidam diariamente com áreas ou fatores de risco, como agentes de zoonoses e veterinários, sejam vacinados ou procurem um especialista logo após serem submetidos ao risco para prescrição de remédio adequado. Após a recuperação, a leptospirose não deixa sequelas, atesta Araújo.