Câncer também pode ser evitado

40% dos casos são potencialmente evitáveis com a prevenção de infecções, como o HPV e a hepatite B, com mudanças na alimentação e prática de exercícios físicos

São Paulo – A boa notícia é também o tema da campanha iniciada nesta quinta-feira (4), Dia Mundial do Câncer, por 300 organizações de mais de 100 países que integram a União Internacional Contra o Câncer (UICC). A data é um momento de reflexão e conscientização sobre a doença, que todo ano mata mais de 7 milhões de pessoas no mundo. Nos últimos anos, diversas pesquisas têm confirmado que 40% dos casos são potencialmente preveníveis. Infecções virais e bacterianas, como HPV e hepatite B, respondem por metade desses casos. Os outros 20% são causados pelo tabaco, álcool, exposição excessiva ao sol, alimentação inadequada e excesso de peso.

Segundo David Hill, presidente da UICC, tumores causados por  infecções podem ser prevenidos por meio de vacinação. É o caso do HPV, um grupo de vírus dos quais alguns tipos podem causar lesões que levam ao câncer do colo do útero, e do agente causador da Hepatite B, que pode provocar câncer de fígado. Apesar da existência dessas medidas preventivas, há uma clara disparidade  entre países ricos e pobres quanto ao acesso a programas de prevenção e também ao tratamento. Em todo o mundo, 80% das mortes por câncer do colo do útero, muitas vezes causadas pelo HPV, ocorrem em países em desenvolvimento. E mesmo onde a tecnologia está disponível, há grandes desafios, como a falta de conscientização sobre a doença e de infraestruturas de saúde pública, ilustradas pelas diferenças significativas na cobertura de programas mundiais de vacinação contra hepatite B.

A obesidade é outro fator que pode ser combatido. Dos 12 mil novos casos de câncer que aparecem todo ano, entre 3 milhões e 4 milhões poderiam ser evitados se as pessoas não estivessem tão acima do peso. Embora a evidência da gordura desencadeando tumores esteja baseada em estudos com adultos, os hábitos saudáveis começam a ser adquiridos nos primeiros anos de vida. Por isso, a UICC está começando hoje uma campanha para incentivar pais, professores e profissionais de saúde a incentivar a alimentação saudável e a atividade física entre as crianças. E recomenda que as autoridades realizem programas que as encorajem a escolher alimentos mais saudáveis, como frutas, verduras, legumes e cereais integrais, e a praticar exercícios físicos com regularidade. As estimativas dão conta de que 22 milhões de crianças menores de 5 anos tenham sobrepeso, número que deverá aumentar.

Uma pesquisa realizada pela entidade em 2008, ouvindo mais de 40 mil pessoas em 39 países, mostra que a maioria desconhece que seu estilo de vida pode aumentar ou reduzir o risco de câncer. Entre os entrevistados em todo o continente americano, na Ásia e Nova Zelândia, 40%  não sabem que o excesso de peso faz parte da lista dos agentes cancerígenos.

No Brasil, para marcar a data, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) está lançando a publicação Políticas e Ações para a Prevenção do Câncer no Brasil, Alimentação, Nutrição e Atividade Física. O documento, que é um resumo das recomendações do Relatório de Alimentação e Câncer do Fundo Mundial de Pesquisa Contra o Câncer, demonstra o impacto do estilo de vida – alimentação, atividade física e obesidade  – sobre 12 tipos de câncer comuns entre a população brasileira.

Mais informações: www.inca.gov.br

 
O que comer – e não – para reduzir as chances da doença aparecer

Levantamentos estatísticos apontam que os casos de câncer são mais raros nas pessoas habituadas a comer vegetais. Além disso, estudos recentes, com animais, têm mostrado várias atividades antitumor dos nutrientes. Por exemplo:

  • Na Universidade de Minnesotta, nos Estados Unidos, concluiu-se que o sulforafane, presente no brócolis, couves e repolho, impede o avanço de câncer colorretal.
  • O licopeno, presente no tomate e frutas como o abacate, não permitiu que células do câncer de fígado se espalhassem por outras partes do corpo.

Embora a ciência ainda não tenha respostas para todas as questões sobre o poder dos vegetais, os especialistas recomendam o consumo de cinco porções diárias. Outro motivo para não esquecê-los é que, como têm poucas calorias e muitas fibras, ajudam a manter o peso em dia. Afinal, pesquisas recentes sugerem que a gordura corporal pode aumentar em 30% as chances de aparecimento de um tumor.

Evite ou limite o consumo

Do mesmo modo que frutas, verduras, legumes e cereais integrais devem ser introduzidos na dieta com fartura. Há alimentos que devem passar a ser evitados ou consumidos com moderação.

Álcool – Não faltam estudos relacionando a bebida com tumores de boca, esôfago, fígado, reto e até de mama. Ainda não se sabe exatamente como isso acontece, mas sabe-se que ela danifica o DNA das células.

Sal – irrita a mucosa do aparelho digestivo, provocando lesões que podem evoluir para um câncer. Não basta reduzi-lo da comida preparada em casa. É preciso também evitar alimentos industrializados, como molhos, temperos e condimentos, que são carregados de sal.

Embutidos – salame, salsicha, presunto e mortadela são os maiores aliados do câncer. Produzidos com carnes vermelhas muito gordas, que só por isso são um perigo, carregam muitos aditivos químicos comprovadamente cancerígenos.

Carnes vermelhas de todo tipo e seus derivados também devem ser evitados ao máximo: duas porções semanais. Nos outros dias, coma frango e peixe. É que há componentes na carne, como o ferro orgânico, que, segundo pesquisas, está associado ao câncer colorretal.

Fonte: Instituto Nacional do Câncer

 

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