A jornalista Ana Paula Jacinto, em 2006, passava 17 horas por dia na frente do computador no trabalho “sem tirar os olhos do monitor”. Em pouco tempo, seus olhos começaram a reclamar: “parecia que eu tinha sono toda hora. Os olhos lacrimejavam, era como se eu estivesse sempre chorando”, descreve.

O diretor de arte Douglas Baldan fica pelo menos 12 horas diariamente diante de um computador e também passou a sentir sintomas como ardência nos olhos, dores de cabeça muito fortes – sempre no mesmo lugar da cabeça –, dificuldade de enxergar e dores no nervo ótico.

Ana e Douglas, ao procurarem um oftalmologista, descobriram que sofrem de Síndrome da Visão de Usuário de Computador (CVS na sigla em inglês para Computer Vision Syndrome), um problema ocular que atinge mais de 70% das pessoas que usam computador.

Três anos depois de perceber o problema, Ana ainda sente necessidade de usar colírios para manter a lubrificação dos olhos. “Meus olhos pegavam fogo, daí passei a usar três tipos de colírios e vitaminas para melhorar”, lembra.

Principais sintomas

Ardência nos olhos, cansaço visual, lacrimejamento, olhos vermelhos e secos e dores de cabeça são alguns dos sintomas de quem sofre com a CVS.

De acordo com o oftalmologista Luiz Carlos Portes, diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, esse problema existe desde que a informação se tornou uma ferramenta de uso generalizado. “Quando existia o (aparelho de videogame nos anos 80) Atari, já havia esse problema de fixação dos olhos na tela”, afirma.

O trabalho constante em frente ao monitor diminui o número de piscadas por minuto, explica o especialista. “Normalmente, piscamos involuntariamente 25 vezes por minuto, enquanto na frente do computador piscamos apenas cinco vezes”, aponta Portes.

Segundo o oftalmologista, “diante do monitor esquecemos de piscar e produzimos menos lágrimas, por isso o olho fica tão seco”.

Prevenção

Para o especialista, é essencial intervalos a cada 50 minutos de trabalho no computador. “Você para cinco minutos e olha para o horizonte. Essa troca de distância focal ajuda a prevenir o problema”, alerta.

Além de aprender a piscar com frequência, usuários de computador devem manter uma distância mínima de 50 centímetros do monitor, reduzir o brilho do equipamento, mantê-lo 15º abaixo do ângulo de visão para não inclinar pescoço e ombros e cuidar da iluminação do ambiente.

De acordo com Portes a utilização de lentes antirreflexo ou com filtro também ajudam a amenizar o problema.