Crise global leva 100 milhões de pessoas a passar fome, diz ONU

Relatório das Organização das Nações Unidas prevê que o número de pessoas que vive com fome chegará ao pico recorde de 1,02 bilhão este ano

Roma – A crise econômica global vai colaborar a deixar 100 milhões de pessoas na pobreza este ano, em função de perdas de empregos e redução de ganhos, levando um sexto da população mundial à fome, disse uma agência da ONU na sexta-feira (19).

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que o número de pessoas que vive com fome chegará ao pico recorde de 1,02 bilhão este ano, exacerbado pela alta persistente dos preços dos produtos alimentícios básicos desde a crise alimentícia de 2006-2008.

Não apenas a desaceleração econômica mundial vai destruir modos de subsistência no mundo em desenvolvimento, onde vivem quase todas as pessoas do mundo que passam fome, como vai reduzir em cerca de um quarto os gastos dos países ricos com ajuda humanitária, justamente quando é mais necessária, alertou a FAO.

“A crise silenciosa da fome cria um risco grave para a paz e segurança mundial”, disse o diretor geral da FAO, Jacques Diouf. “Precisamos urgentemente formar um consenso amplo para a erradicação total e rápida da fome.”

A FAO disse que “ações substanciais e sustentadas” são necessárias para alcançar a meta do milênio de reduzir o número de pessoas que passam fome pela metade até 2015, para 420 milhões.

Na década de 1980 e primeira metade dos anos 1990 foram feitos bons avanços na redução da fome crônica, mas a fome vem crescendo constantemente nos últimos dez anos, disse a FAO.

A crise econômica global deixou aos países em desenvolvimento pouca margem para adaptação – através da desvalorização de suas moedas ou contraindo empréstimos dos mercados internacionais de capital – porque está atingindo todas as partes do mundo ao mesmo tempo, disse o relatório.

Os investimentos externos no mundo em desenvolvimento estão previstos para cair quase um terço, enquanto as remessas de dinheiro do exterior podem ter queda de 8 por cento, revertendo anos de aumentos regulares, segundo o relatório.

Os pobres urbanos serão os mais duramente atingidos, devido ao desemprego, mas a pressão alimentar também aumentará na zona rural, com milhões de migrantes voltando para o campo.

O aumento da subnutrição não decorre de estoques alimentares internacionais limitados. A FAO prevê uma produção mundial de grãos forte em 2009, apenas pouco inferior à produção recorde do ano passado, de 2,3 bilhões de toneladas.

Os preços mundiais dos alimentos recuaram em relação às altas máximas de meados de 2008, mas ainda estão altos em termos históricos. No final de 2008, os alimentos básicos estavam custando em média 24 por cento mais, em termos reais, que dois anos antes, disse a FAO.

A região mais afetada foi a da Ásia e Pacífico, onde se estima que 642 milhões de pessoas sofrem de fome crônica, seguida por 265 milhões na África subsaariana, disse a FAO.

Fonte: Reuters

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