Sequelas mais graves

Covid acelera e ciência aumenta alerta para uso de máscaras e riscos das reinfecções

Covid segue trajetória de crescimento, aponta a Fiocruz. Em Belo Horizonte, máscaras voltam a ser obrigatórias em locais fechados

Geovana Albuquerque/Agência Saúde
Geovana Albuquerque/Agência Saúde
A covid-19 segue como um risco elevado, especialmente para pessoas de grupos vulneráveis como idosos e imunossuprimidos

São Paulo – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou crescimento da covid-19 em pelo menos 12 estados, mas esse número pode ser maior. Baixa quantidade de testes e o ritmo das análises podem influenciar nos dados. “É esperado que esses números sejam maiores do que o que já observamos nessa atualização, podendo inclusive aumentar o número de estados”, afirma o pesquisador Marcelo Gomes, responsável pelo boletim InfoGripe divulgado hoje (18). Diante do cenário, especialistas reforçam a necessidade de estar em dia com a vacinação e o uso de máscaras.

Apesar do ritmo acelerado de contágio, as vacinas seguem como uma barreira contra o vírus. Contudo, a covid-19 segue como um risco elevado, especialmente para pessoas de grupos vulneráveis como idosos e imunossuprimidos. Estudos recentes também indicam que os casos de reinfecção por covid podem contribuir para o desenvolvimento de sequelas.

Pesquisadores da Universidade de Washington publicaram estudo na revista científica Nature sobre o tema. “A saúde prejudicada, como consequência da primeira infecção, pode resultar em risco aumentado de consequências adversas à saúde após a reinfecção pela covid”, afirmam. Eles argumentam que a reinfecção aumenta os riscos de sequelas, covid longa e agravamento dos quadros. O estudo estima que quem se infecta mais de uma vez tem três vezes maior risco de hospitalização, além de risco aumentado para sequelas nos pulmões e no sistema gastrointestinal.

“Se você compara quem só teve covid-19 uma única vez com quem se reinfectou com o coronavírus, o risco de problemas cardíacos e pulmonares, diabetes, doença renal, disfunções neurológicas e outras encrencas passa a ser muito maior na turma que testou positivo mais de uma vez. E, atenção, isso foi notado mesmo quando os cientistas colocaram lado a lado pessoas que tomaram a vacina”, escreveu a colunista Lúcia Helena no blog Viva Bem.

Vacinas

O apontamento é importante, uma vez que subvariantes da cepa ômicron apresentam maior escape vacinal e alto potencial de contágio. Enquanto isso o Brasil segue atrasado no combate à nova ameaça. Vacinas mais modernas específicas para a ômicron já circulam nos Estados Unidos e Europa. A farmacêutica Pfizer já fez propostas para o governo Bolsonaro, que até o momento não se manifestou.

Especialistas, contudo, seguem unânimes em recomendar doses de reforço das vacinas disponíveis. Pessoas que não completaram o ciclo vacinal ou não tomaram as terceiras e quartas doses são a maioria dos internados. A Secretaria de Saúde de Pernambuco confirmou a hipotese em comunicado divulgado nesta tarde. De cada dez internados no estado, seis não estão com as vacinas em dia.

“Os dados continuam demonstrando a importância de se vacinar contra a covid-19 e com todas as doses disponíveis. A vacinação, que é segura e eficaz, continua sendo a principal forma de proteção contra as formas graves da doença”, destacou o secretário da pasta, André Longo.

Máscaras contra a covid

A Fiocruz identificou aumento dos casos em Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Prefeitos e governadores passaram a recomendar o uso de máscaras em locais fechados, aglomerações e no transporte público, além do reforço vacinal.

A prefeitura de Belo Horizonte publicou hoje no Diário Oficial a obrigatoriedade do uso de máscaras em estabelecimentos e serviços de saúde, no transporte público e nas respectivas estações de embarque e desembarque, no transporte escolar, em táxis e carros de aplicativo da capital. Os casos dispararam 15% em uma semana na cidade.

A secretária municipal de Saúde, Cláudia Navarro, ainda lembrou de mais medidas para frear o contágio. “Continuamos a recomendar o uso de máscara para pessoas acima de 60 anos. Além de áreas com aglomeração e ambientes fechados. Para o grupo de instituições de saúde e transporte, será obrigatório. Mas, a recomendação geral é que continuem a higiene de mãos, uso de álcool em gel, evitar sair de casa com sintomas gripais. Esses cuidados devem ser mantidos”, disse.

Sob o mesmo ponto de vista, a prefeitura de São Paulo reforçou a recomendação do uso de máscaras, contudo, sem obrigatoriedade até o momento. O prefeito Ricardo Nunes anunciou hoje a distribuição de 1 milhão de máscaras em terminais de ônibos. A recomendação é para uso “em todos os ambientes, fechados e em aglomeração, como nos transportes públicos – ônibus, metrôs, trens, carros de aplicativo e nas respectivas estações”. Na última semana, a secretaria estadual de Saúde anunciou que estuda a necessidade de tornar o uso obrigatório.


Leia também


Últimas notícias