Ameaça ampliada

Brasil tem primeira morte por varíola dos macacos. ‘Vamos precisar do SUS’, diz Padilha

Homem de Belo Horizonte é a primeira vítima da varíola dos macacos fora da África. Ex-ministro alerta para possíveis novos erros do governo Bolsonaro, que podem agravar riscos à população

Shutterstock/Creative Commons
Shutterstock/Creative Commons
É a primeira morte pelo vírus fora da África. Apesar da doença apresentar baixa letalidade, existem riscos para pessoas especialmente vulneráveis como imunossuprimidos

São Paulo – A varíola dos macacos faz a primeira vítima no Brasil, com a morte de um homem em Belo Horizonte, nesta sexta-feira (29). De acordo com o Ministério da Saúde, ele estava internado com quadro de linfoma, o que levou ao agravamento do quadro viral. É a primeira morte fora da África causada pela nova emergência sanitária global. Apesar da doença apresentar baixa letalidade, existem riscos para pessoas especialmente vulneráveis como imunossuprimidos com HIV fora de controle, leucemia, linfoma, cânceres metastáticos e transplantados.

O médico infectologista, ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) faz um alerta para a população sobre o surto de varíola dos macacos. “Finalmente o Ministério da Saúde reconheceu o primeiro caso de óbito relacionado ao vírus aqui no nosso país. São mais de 800 casos. Há meses temos cobrado o ministério a apresentação de um plano de contingência de formação de educação aos trabalhadores da Saúde e da população sobre o tema”, disse. Até o momento, o Brasil tem 978 casos oficialmente registrados da varíola dos macacos.

Erros e preconceitos

Especialistas temem que a inatividade do governo federal resulte no agravamento do surto, assim como foi com a covid-19. O país pode repetir os mesmo erros, como a não realização de testes em número suficiente e o não rastreio dos contágios. Ambas as medidas são essenciais para o controle da zoonose. “Até hoje não teve uma coordenação. Hoje, o ministério está chamando um centro de contingência. Ou seja, esperou ter a primeira morte confirmada para fazer algo que já deveria ter sido feito”, afirma Padilha.

“Mais uma vez o governo Bolsonaro age de forma irresponsável”, prossegue o parlamentar. Ele também alerta para a desinformação em torno da doença. Estudos indicam que a transmissão do vírus vem ocorrendo, majoritariamente, através de contato sexual. “Temos que estar de olho para que não ajam de forma preconceituosa em relação às situações de risco. Vamos ter que depender dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS, dos pesquisadores do Brasil, para buscarmos o enfrentamento correto desta nova emergência.”