Lula: ciência e educação são alavancas do desenvolvimento e da redução da pobreza
Na 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, ex-presidente firma compromisso com o setor: criar condições para estimular jovens a atuar na reconstrução do país
Publicado 28/07/2022 - 13h39
São Paulo – O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, se comprometeu nesta quinta-feira (28) com a adoção de políticas de revalorização da ciência, tecnologia, inovação e educação em um eventual terceiro mandato. Em seus dois primeiros, Lula foi reconhecido internacionalmente pelas ações e investimentos no setor, que colocaram o país no chamado mapa mundial da ciência.
“Estou certo de que seremos capazes de fazer com que a pesquisa científica, a inovação e a educação sejam revalorizadas como alavancas para o crescimento econômico, a reindustrialização do país e a redução da pobreza, buscando uma economia ambientalmente sustentável e solidária”, disse Lula. Ele participou de encontro com cientistas na 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade de Brasília (UnB).
O ex-presidente criticou a redução de investimentos na educação e na ciência, os ataques às universidades e o desemprego. Segundo ele, fatores que levam à perda de pessoal qualificado para o exterior – a chamada “fuga de cérebros”. “Jovens são movidos a sonhos e desafios. Precisamos trazer de volta condições para que sejam estimulados a atuar na reconstrução do país”, afirmou.
O apagão científico no Brasil deixa inúmeros prejuízos e, o mais trágico, observou, reflete ainda em doença e morte. O líder nas pesquisas para a disputa presidencial associou diretamente a má gestão da covid-19 com o desinvestimento em áreas estratégicas como ciência e saúde. “Estamos sofrendo hoje com os quase 680 mil brasileiros mortos pela covid. Muitos deles porque o atual presidente ignorou todas as recomendações da comunidade científica, chegando ao cúmulo de boicotar as vacinas”.
País do futuro
Lula lembrou a participação na reunião da SBPC em 1998, quando também era candidato, para conversar com os pesquisadores sobre ciência e a educação. “Não fui eleito naquele ano, mas quando assumi, em 2003, trabalhamos com a comunidade científica para discutir propostas e meios de torná-las realidade. O Brasil saltou de um patamar de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de 0,88% do PIB, no ano 2000, para 1,24% em 2013, sendo o melhor resultado conquistado em 37 anos de existência do Ministério da Ciência e Tecnologia”, destacou o ex-presidente.
Foram anos, conforme lembrou, em que a ciência e a tecnologia foram alçadas à condição de eixo central da política. “Infelizmente, o golpe contra a democracia, em 2016, deu início ao desmonte das instituições públicas. O atual governo colocou o Brasil numa máquina do tempo rumo ao passado.”
Aos 76 anos, Lula diz não querer mais esperar o “país do futuro”. “Quero provar que vamos recuperar esse país novamente. Educação, ciência e tecnologia não são gastos. São investimentos na soberania desse país. Um projeto de nação para enfrentar desafios do presente, rumo ao futuro, não pode renunciar compromissos fundamentais: a democracia, o desenvolvimento econômico, educacional, científico e tecnológico, a inclusão social, a redução de assimetrias regionais e a pluralidade cultural.”
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Lula é um dos três candidatos à Presidência da República convidados para a série de debates “Encontro com os presidenciáveis” da SBPC. A entidade convidou aqueles que lideraram as intenções de voto nas pesquisas até o mês de junho, como parte da programação da 74ª Reunião Anual.
O objetivo é abrir um canal de diálogo para apresentar propostas de políticas públicas e firmar o compromisso dos candidatos com as pautas defendidas pela entidade e pela comunidade científica e acadêmica que representa.
Ciro Gomes (PDT) participará da atividade nesta sexta-feira (29), às 11h. Jair Bolsonaro (PL) ainda não respondeu ao convite.
Durante o encontro, o presidente da SBPC e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, entregou a Lula o documento “Projeto Brasil Novo”, com propostas de políticas públicas em diferentes setores para a próxima gestão. A elaboração ficou a cargo de especialistas ao longo do primeiro semestre, em uma série de seminários temáticos.
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