Recombinante

Brasil confirma 1º caso da variante XE, recombinação da ômicron que pode ser mais transmissível

Epidemiologista destaca que não há sinais de forte transmissão comunitária da XE, dada a queda de casos. Mas alerta para riscos de novas ondas

Breno Esaki/Agência Saúde DF
Breno Esaki/Agência Saúde DF
Variante XE seria cerca de 10% mais transmissível que a BA.2, mas estudos não são conclusivos

São Paulo – O Brasil registrou o primeiro caso de covid-19 provocado pela subvariante XE da variante ômicron, potencialmente mais transmissível. O Ministério da Saúde confirmou a informação nesta quinta-feira (7), após o Instituto Butantan concluir o sequenciamento da amostra. De acordo com o jornal O Globo, o paciente é um homem de 39 anos. Com esquema vacinal completo (duas doses ou dose única), ele já está recuperado da doença, após tratamento domiciliar.

O paciente sentiu os primeiros sintomas, como coriza, distúrbios de olfato e de paladar, dor de cabeça, tosse, febre e dor de garganta, em 17 de fevereiro. A amostra, contudo, foi colhida apenas em 7 de março. Conforme o laudo do Butantan citado na reportagem, o caso é importado, sendo a África do Sul a “provável origem”. Mas não fica claro se o homem viajou a esse país, ou se teve contato com pessoa infectada vinda de lá.

Diante da chegada da variante XE, o ministério afirmou que realiza ” constante monitoramento” do cenário epidemiológico do país”. Além disso, defendeu a importância de completar o esquema vacinal para evitar o avanço de novas variantes no Brasil.

No mundo

A XE originou-se a partir da recombinação entre a BA.1 (a cepa original da variante ômicron) e a BA.2. O Reino Unido registrou o primeiro caso mundialmente conhecido dessa nova variante em 19 de janeiro. Desde então, os pesquisadores identificaram mais de 600 casos da XE. De acordo com a Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido (UKHSA), ela é possivelmente 9,8% mais transmissível do que a BA.2, mas ainda faltam estudos mais aprofundados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também informou, nesta semana, que segue monitorando “de perto” o surgimento os riscos associados às variantes recombinantes. Dentre elas, a XE é a que causa “mais preocupação”. Ainda assim, a entidade continua considerando a XE como uma sub da variante da ômicron, “até que diferenças significativas na transmissão e nas características da doença, incluindo a gravidade, possam ser relatadas”.

Cautela

Para o epidemiologista da Fiocruz-Amazônia Jesem Orellana, apesar de a XE ter desembarcado no Brasil há quase dois meses, ainda não há sinais de forte transmissão comunitária. Isso porque o número de casos de covid-19 no país vem caindo desde o início de fevereiro, após a eclosão da onda ômicron. Além disso, ele também aguarda os resultados dos novos estudos que indicam com mais precisão a transmissibilidade e a letalidade da XE.

Nesse sentido, ele destacou que não é possível que as novas variantes não consigam se estabelecer com facilidade no Brasil, provocando transmissões comunitárias descontroladas. Ele atribuiu esse cenário não apenas ao avanço da vacinação, “a mais poderosa arma contra a doença”, mas também ao elevado número de pessoas que já se contaminaram e acabam adquirindo algum nível de imunidade contra a doença. Ainda assim, alerta para o clima equivocado de “fim da pandemia”, com o abandono precoce dos cuidados relativos à prevenção da transmissão.

“Estamos em franca redução de casos novos, sobretudo de casos graves e mortes, o que reforça o prognóstico de enfraquecimento da epidemia no Brasil. Agora, isso significa que ela está acabando? Não. Pode ser um intervalo entre uma onda e outra, comum em pandemias. Mas, ainda que tenhamos uma nova onda, dificilmente será mais dura do que a experiência do primeiro semestre de 2021”, afirmou Jessem.

Ainda assim, ele afirmou que tomar a dose de reforço é crucial para conter as chances de uma nova onda da covid-19 no Brasil. Até o momento, 80,75% dos brasileiros completaram o ciclo vacinal, mas apenas 49,39% receberam a dose de reforço. “Nem a população e muito menos às autoridades sanitárias, parecem de fato interessadas em aumentar essas coberturas”, criticou o epidemiologista. “Isso implica, necessariamente, em dar mais oportunidades para novas e ameaçadoras mutações, especialmente as recombinantes”, alertou.

Balanço da covid no Brasil

O Brasil registrou hoje 250 mortes e 26.502 casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). O Rio Grande do Norte, contudo, não divulgou os dados até o fechamento dessa matéria. Assim, a média diária de mortes calculada em sete dias ficou estável, em 174, mesmo número registrado no dia anterior. Por outro lado, é o quarto dia consecutivo com tal média abaixo de 200.

Do mesmo modo, a média de casos semanais também segue caindo e ficou em 20.837. É a menor marca registrada desde 6 de fevereiro, quando a ômicron começou a explodir no país. Ao todo, desde o início da pandemia, em março de 2020, o país soma 660.973 mortes pela covid-19 oficialmente registradas, e praticamente 30,1 milhões de casos.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass


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