De olho no risco

Covid-19: estados preparam flexibilização do uso de máscaras

Especialista considera “precipitada” a liberação de máscaras em locais de maior risco de transmissão, como transporte público, ambientes hospitalares e casas de repouso

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
No Distrito Federal, uso de máscaras em locais abertos deixa de ser obrigatório a partir da semana que vem

São Paulo – O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou nesta quinta-feira (3) que irá flexibilizar o uso de máscaras contra a covid em locais abertos. A medida passa a valer a partir da próxima segunda (7). A Secretária de Saúde estadual do Rio de Janeiro foi além. A pasta deve anunciar ainda hoje a dispensa do uso da proteção facial inclusive em locais fechados. No entanto, o decreto deve garantir aos municípios a palavra final sobre a questão.

Já o governo de São Paulo deve avaliar os impactos do carnaval nos números da covid para decidir sobre a liberação do uso de máscaras nos próximos dias. Até mesmo a obrigatoriedade das máscaras nas escolas pode cair nas próximas semanas, de acordo com o secretário paulista de Educação, Rossieli Soares.

Para tais decisões, os governos se baseiam na redução nos números de casos e óbitos pela covid-19 no último período. Também apostam na vacinação como forma de conter o agravamento da doença. No entanto, apenas São Paulo atingiu mais de 80% da população com as duas doses, de acordo com painel da Rede Análise Covid-19. Esse é o percentual mínimo considerado por especialistas para a adoção de medidas de flexibilização. No Distrito Federal, esse índice está em 68,31%. No Rio, 67,75%.

Além disso, a cobertura da dose de reforço, necessária para impedir casos graves causados pela ômicron, é ainda menor. Mesmo em São Paulo, com a imunização mais avançada, apenas 35% estão completamente vacinados. No Rio e no Distrito Federal, são apenas 27,89% e 26,5% respectivamente.

Precaução

Para o pesquisador e membro do Observatório Covid-19BR Vitor Mori, em locais como transporte público, ambientes hospitalares e casas de repouso, a flexibilização seria “precipitada”. Ele destaca que o cenário da pandemia no Brasil atualmente é “muito melhor” do que há algumas semanas. “Mas isso não significa que precisamos chutar o balde”, ressaltou pelas redes sociais.

Nesse sentido, ele lembra que o uso de máscara é uma das poucas medidas que podemos controlar individualmente. “Se você segue preocupado com a covid-19 e quer continuar se protegendo e protegendo o seu entorno, continuar a usar máscaras em ambientes internos, especialmente os mal ventilados e com muita gente, é uma boa pedida”, explica Mori.

Ele também insiste na importância de ventilar bem ambientes internos. E chama a atenção para “brechas” na utilização no uso de máscaras nos ambientes de trabalho, por exemplo. Ele cita uma empresa em que todos trabalham de máscaras. Mas, apesar da possibilidade de terem se contaminado fora do ambiente de trabalho, se reúnem sem a proteção num local fechado e mal ventilado durante as refeições ou numa parada para um cafezinho. “Ainda assim, isso é melhor do que nunca usar máscara. Quanto mais tempo você fica exposto sem a devida proteção, maior o seu risco”, alerta.

Vacinação em Salvador

Pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indica que a maioria dos moradores da capital baiana apoiam a vacinação. Entre novembro de 2020 e janeiro de 2021, 81,4% dos entrevistados relataram o desejo de receber a vacina contra a covid-19. Por outro lado, 18,6% disseram hesitar em receber o imunizante. Entre os que pretendiam se vacinar, 68% disseram que até mesmo pagariam pela vacina se necessário. A aceitação do imunizante foi um pouco maior entre os homens (85%) que para as mulheres (80%).

Entre os homens, aqueles que trabalhavam e que tinham comorbidades foram os que menos hesitaram em se vacinar. Entre as pessoas do sexo feminino, aquelas com maior escolaridade, e com alta percepção de risco de infecção da covid-19 foram as que menos se opuseram à vacinação.

Atualmente, de acordo com o Vacinômetro da Secretaria Municipal de Saúde, 91% dos soteropolitanos já tomaram ao menos duas doses. Já a dose de reforço foi aplicada em quase metade (49%) da população.

Balanço da covid no Brasil

Hoje, o Brasil registrou 578 mortos pela covid-19. Houve elevação importante em relação aos últimos dias. Durante o carnaval, os óbitos diários ficaram abaixo de 370. Mas essa alta pode ser justamente em decorrência dos números represados durante o feriado. Resta observar se tais taxas voltarão a cair nos próximos dias ou se houve, de fato, um agravamento da doença. Ainda assim, a média móvel de óbitos recuou para 455/dia, a menor desde o fim de janeiro.

Da mesma forma, os casos registrados nas últimas 24 horas também aumentaram. De acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), as autoridades de saúde registraram 61.870 diagnósticos da doença. Nesse critério, a média móvel ficou em 46.483/dia, menor índice desde 11 de janeiro.

Ao todo, o país tem 650.578 óbitos pela covid confirmados oficialmente, e mais de 28,9 milhões de casos.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)


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