Precaução

Com 2 em cada 3 brasileiros sem dose de reforço, Fiocruz desaprova relaxamento

Pesquisadores destacam declínio da terceira onda, mas pedem reforço no distanciamento social e na vacinação

Agência Saúde DF
Agência Saúde DF
Apenas 31,2% da população brasileira já tomou a dose de reforço

São Paulo – De acordo com o Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o declínio da “terceira onda” causada pela ômicron marca a atual fase da pandemia no Brasil. Entre o fim de fevereiro e início deste mês, houve redução de 48% no nos casos diários na comparação com as duas semanas anteriores. Os óbitos também caíram 33% nesse período. Entretanto, ainda não é possível medir os impactos do carnaval, o que torna prematuro, segundo a Fiocruz, estimular medidas de relaxamento da prevenção.

Isso porque já é possível constatar “ligeiro aumento” na taxa de letalidade mais recentemente, segundo boletim publicado nesta sexta-feira (11). Por isso as próximas semanas serão “cruciais” para compreender a evolução da doença. Diante desse quadro, os pesquisadores da Fiocruz conclamam pelo “princípio da precaução”. “Flexibilizar medidas como o distanciamento físico ou o abandono do uso de máscaras de forma irrestrita colabora para um possível aumento de casos, internações e óbitos, e não nos protege de uma nova onda”, afirmam.

“Consideramos prudente a manutenção das medidas de distanciamento social e uso de máscaras nos ambientes fechados onde não há controle do total de vacinados ou em situações que envolvem grande concentração de pessoas. Estas medidas são necessárias até que tenhamos uma redução das desigualdades de cobertura vacinal, incluindo a dose de reforço.”

Vacinação e distanciamento

A instituição destaca ainda que os países que têm maiores parcelas da população com dose de reforço se saíram melhor nessa última onda. Contudo, no Brasil, apenas 31,2% da população já tomou a terceira dose. Assim, dizem que é fundamental adotar estratégias de saúde pública que ampliem a cobertura de vacinação. Principalmente nos estados e municípios com maiores dificuldades logísticas e coberturas vacinais mais baixas, reduzindo as desigualdades no país. Não incentivar a vacinação, segundo os pesquisadores, significa “abandonar a história de tantas vidas perdidas” e gerar um “risco de retrocesso” nos ganhos obtidos até aqui.

Por conta desse relativo aumento no pós-carnaval, a Fiocruz diz que o distanciamento social deveria voltar ao centro das atenções. “O aumento de casos, mesmo entre vacinados, aumenta a demanda de hospitalizações e possivelmente os óbitos. Atualmente, o ideal é voltarmos ao padrão do início da pandemia, quando recomendávamos fortemente o uso de máscaras, higienização de mãos e evitar as aglomerações”, explicam.

UTIs

O Boletim da Fiocruz destaca que cidade do Rio de Janeiro ainda está em situação “alerta crítico” com 87% dos seus leitos UTI Covid-19 ocupados para adultos. Outras quatro capitais estão em alerta intermediário: Salvador (61%), Vitoria (67%), Goiânia (73%) e Porto Alegre (65%). Santa Catarina também está alerta intermediário, com 79% dos leitos ocupados. As demais unidades da federação estão fora da zona de alerta.

Balanço da covid no Brasil

Hoje o Brasil registrou 470 mortes pela covid, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Assim, após três dias seguidos com 500 óbitos ou mais na média móvel, esse índice voltou a cair, ficando em 472/dia.

Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde registraram 55.211 novos casos. Nesse critério, a média móvel ficou em 47.331, com redução de 4,2% em relação ao dia anterior. Ao todo, o país tem 654.556 óbitos pela covid confirmados oficialmente, e mais de 29,3 milhões de casos conhecidos.

fiocruz relaxamento
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)


Leia também


Últimas notícias