momento delicado

São Paulo cancela carnaval de rua, mas mantém desfile das escolas. ‘A covid voltou com tudo’

Além de cancelar o carnaval de rua, a prefeitura vai endurecer a cobrança do passaporte da vacina. Todos eventos deverão exigir comprovante

FERNANDO FRAZÃO/EBC
FERNANDO FRAZÃO/EBC
Carnaval de rua se tornou uma das principais atrações turísticas de São Pailo

São Paulo – A prefeitura de São Paulo cancelou o carnaval de rua neste ano, conforme se previa e como defendiam os principais blocos da capital. O avanço da covid-19, com a disseminação da variante ômicron, acende um alerta em todo o país. Além dos blocos, a Vigilância Sanitária também recomendou o cancelamento. Contudo – e também contraditoriamente –, a cidade seguirá o modelo do Rio de Janeiro, que também cancelou a saída dos blocos mas manteve o carnaval confinado. Os sambódromos do Anhembi e da Sapucaí devem receber desfiles entre os dias 25 e 28 de fevereiro.

A realização dos desfiles das escolas de samba tem apoio da prefeitura, pelo menos por enquanto. Entretanto, ao longo da próxima semana, as autoridades farão reuniões com a Liga das Escolas de Samba para acertar protocolos sanitários. Embora a ciência alerte que não é momento para aglomerações nas ruas, a realização desses eventos em espaços fechados também preocupam. “Vamos sentar com a Liga das Escolas de Samba e combinar um protocolo para a realização dos desfiles no sambódromo. Caso eles aceitem os protocolos, os desfiles serão mantidos”, disse hoje (6) o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Algumas dos mais tradicionais polos de folia nas ruas, como Rio de Janeiro, Olinda e São Luiz do Paraitinga, já anunciaram que este ano não vai ter.

Carnaval de rua cancelado em diversas cidades. Mas acende alerta sobre festas privadas

Sem carnaval

Com a escalada da covid-19 em todo o país, a Vigilância Sanitária também reforçou outras recomendações para enfrentar este novo momento da pandemia. “Intensificação da vacinação e doses de reforço contra a Covid-19; Manter o uso obrigatório de máscaras na comunidade, bem como demais medidas não farmacológicas; Higienizar as mãos; Etiqueta respiratória; evitar qualquer tipo de aglomeração onde não se possa ter controle sanitário seguro; Cancelamento de todas as atividades relacionadas ao carnaval de rua 2022 na capital, bem como atividades que não tenham controle sanitário”.

A decisão de cancelar os blocos de rua encontra eco na organização de muitos deles. Um grupo de 250 blocos tradicionais da cidade já haviam dito que não sairiam neste ano.

A prefeitura também aproveitou para anunciar o endurecimento em relação ao passaporte da vacina. A partir de segunda-feira (10), todos os eventos na capital devem exigir comprovante de vacinação dos presentes. Até então, a exigência só era vigente em eventos com mais de 500 participantes. “Tínhamos um protocolo inicial que apontava que eventos com mais de 500 pessoas deveriam exigir o passaporte. Estamos fazendo essa alteração em função do quadro epidemiológico que a cidade vive hoje. Enquanto existir esse quadro de ascensão da ômicron na cidade, vamos exigir para qualquer evento a necessidade do passaporte”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido.

Voltou com tudo

As ações correspondem a não apenas ao aumento dos casos de covid-19, mas também à pressão na rede hospitalar. Apenas ontem, 53 mil paulistanos buscaram atendimento médico com sintomas correspondentes à infecção pelo novo coronavírus. O valor é cerca de quatro vezes superior à média diária de dezembro. De acordo com a prefeitura, embora exista uma ampla disseminação de gripe pelo vírus H3N2, a grande maioria das contaminações se devem à covid-19. O número diário de infectados na cidade já representa o dobro da primeira onda de impacto do vírus, entre maio e agosto de 2020.

“Há uma pressão na porta de entrada das unidades básicas de saúde desde a segunda semana de dezembro com síndrome gripal. Em 60%, 70% dos casos, há indícios de que seja covid, o que indica um rebote da doença. A covid voltou e voltou com tudo”, disse o representante da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) presente na reunião, Luiz Arthur Vieira Caldeira.


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