FALTA DE material

Laboratórios veem risco de desabastecimento de testes de covid

Abramed diz que ômicron aumentou demanda por testagem e pede ação por parte do Ministério da Saúde para compra de insumos

Leopoldo Silva/Agência Senado
Leopoldo Silva/Agência Senado
A condição pós-covid-19 é imprevisível e debilitante e pode, posteriormente, levar a problemas de saúde

São Paulo – A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) recomendou que seja feita uma priorização nos testes de covid-19 para pacientes com maior gravidade dos sintomas, por avaliar que há um “risco real de desabastecimento” de estoques. A entidade reitera a importância da testagem para o controle epidemiológico e pede que o Ministério do Saúde compre mais insumos.

A associação afirma que a alta demanda dos testes laboratoriais para covid-19 no país trouxe ao setor preocupação com a falta de material. Com a chegada da ômicron, que possui maior transmissibilidade, e do surto de influenza, a demanda por testagem cresceu nos laboratórios e hospitais. “A alta transmissibilidade da nova variante Ômicron causou aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da  capacidade produtiva global de testes, tanto de PCR como de antígeno, e se os estoques não forem recompostos rapidamente poderá ocorrer a falta de oferta de exames”, afirma o comunicado da Abramed.

A associação defende a priorização na realização de testes de covid-19 para pacientes com sintomas graves, hospitalizados e cirúrgicos, além de pessoas de grupo de risco, gestantes, trabalhadores assistenciais da área de saúde e colaboradores de serviços essenciais. “Quando avaliamos as notícias que vêm de outros países, de que eles já estão sem insumos, é certo que o problema chegará ao Brasil, não sendo possível mensurar nesse momento até quando poderemos atender, pois os estoques são variados dependendo do laboratório e da região, mas há um risco real de desabastecimento”, acrescenta a nota.

Transmissão do vírus

Reportagem publicada pela BBC Brasil aponta que o pico de novos casos de covid-19 por enquanto não tem, segundo indícios iniciais, levado a um aumento na mortalidade. Porém, a doença avança em um contexto de equipes de saúde esgotada e fragilizadas com os rumos da pandemia.

Para o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a explosão de casos já era esperada. “Estamos vendo isso ocorrer nos países do hemisfério norte e, naturalmente, aconteceria no Brasil. A variante tem um potencial infectante parecido com o do sarampo. Em sete dias, esse vírus espalha para seis pessoas. A partir disso, é esperado que ele chegasse aos profissionais de saúde, que estão na linha de frente”, afirmou, em entrevista a Marilu Cabañas, no Jornal Brasil Atual.

Com a falta de capacidade de atendimento hospitalar, o especialista defende que pacientes com sintomas leves precisam fazer o isolamento em casa. “Se a febre estiver até 38° e os sintomas forem apenas gripais, como diarreia e dor de garganta, o importante é essa pessoa tomar os remédios recomendados, hidratar-se bastante e repousar. As unidades de saúde já estão superlotadas e os profissionais expostos, não há necessidade de buscar atendimento para sintomas gripais não graves. Se essa pessoa precisa de atestado, é preciso haver um acordo com os patrões, porque se não ele vai trabalhar e a empresa inteira ficará infectada. É preciso bom senso”, afirmou Vecina.

Ele explica que essa recomendação é diferente de outros momentos, quando se defendia a ida de pacientes às unidades de saúde para buscar atendimento em caso de qualquer sintoma. “A doença mudou. As variantes com que tivemos contato produziram doenças diferentes. A primeira variante era grave, mas não reincidia. A segunda onda foi a gama, outro desastre, pois dava insuficiência respiratória e, por isso, a urgência de ir à unidade médica. Já a ômicron ataca menos o corpo, sem prejudicar o pulmão e mata menos. Por isso, a minha recomendação do ‘fique em casa’ é para quem não estiver com sintomas graves.”


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