Barreira

Com avanço da ômicron, cresce importância de máscaras de alta proteção

Governo americano anunciou a distribuição de máscaras PFF2/N95 para conter o aumento de casos. Medida deveria ser replicada no Brasil, segundo especialista

Agência Brasil
Agência Brasil
Bem colocadas, tiras elásticas ao redor da cabeça oferecem boa vedação

São Paulo – Em todo o mundo, a ômicron vem causando um tsunami do novos casos de covid-19. Com o avanço da vacinação em muitas regiões, as taxas de letalidade são significativamente mais baixas em relação ao ano passado. Contudo, dada a sua altíssima capacidade de transmissão, os sistemas de saúde já estão sobrecarregados, em diversas regiões do Brasil. E a previsão é que os índices de contágio continuem acelerando nas próximas semanas. Nesse contexto, as máscaras de alta proteção são um importante aliado na tentativa de escapar do vírus.

Pesquisa realizado pelo Instituto Max Planck, da Alemanha, indicam que as máscaras N95/PFF2 são as mais eficazes na proteção contra a covid-19. A proteção chega a ser 75 vezes maior do que a proporcionada por máscaras cirúrgicas. Os pesquisadores usaram modelos computacionais para simular a interação por 20 minutos entre uma pessoa infectada e uma sem o vírus. E compararam o nível de proteção das máscaras cirúrgicas com as de alta proteção.

No cenário mais seguro, com duas pessoas utilizando as N95/PFF2, e bem ajustadas ao rosto, impedindo a passagem de ar pelas bordas, o risco de infecção foi apenas de 0,14%. Com as máscaras de alta proteção mal ajustadas, o risco de contaminação sobe para 4%. Por outro lado, no pior cenário, com ambas utilizando máscaras cirúrgicas, esse índice foi de 10,4%.

Uso e cuidado

A sigla PFF é utilizada no Brasil para Peça Facial Filtrante. Além do filtro, que recebe tratamento eletrostático, a máscara conta com elásticos para fixara peça ao rosto. A PFF1 filtra no mínimo 80% do ar, mais comumente utilizada em obras e indústrias químicas. Já a PFF2 tem proteção mínima de 94%. Nos Estados Unidos, esse modelo recebe o nome de N95.

Os modelos não são descartáveis. No entanto, é preciso ficar atento aos elásticos, que afrouxam com o uso. Por outro lado, as máscaras não podem ser lavadas. Assim, para o uso cotidiano, o ideal é ter ao menos três máscaras. Enquanto uma é utilizada, as outras devem ficar “respirando”, presas ao varal, por exemplo, em um lugar com ventilação. Além disso, não devem ser guardadas em sacos plásticos, para que fiquem úmidas. O melhor é conservá-las em caixas de papel ou envelopes.

O preço varia. Pela internet, é possível encontrar as PFF2 por menos de R$ 3 a unidade. Além das farmácias, as máscaras de alta proteção também são encontradas em casas de materiais de construção. A Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg) destaca que as máscaras devem ter a Certificação de Aprovação (CA) emitida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Questão pública

A importância comprovada das PFF2/N95 na defesa contra a ômicron já está sendo entendida por governos de todo o mundo. Por exemplo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta sexta (14) que o governo vai oferecer gratuitamente estas máscaras para a população, a partir da próxima semana.

Nesse sentido, um projeto de lei do senador democrata Bernie Sanders prevê a distribuição de um pacote com três dessas máscaras para cada cidadão. Outros 50 parlamentares democratas subscreveram a proposta. Segundo o senador, essa é “uma das maneiras mais eficazes de impedir a propagação do vírus da covid”, diante do avanço da ômicron.

Toda máscara protege

Apesar da comprovada eficácia das máscaras de alta proteção, o físico e integrante do Observatório Covid-19 Br Vitor Mori explica que é incorreto dizer que as máscaras de pano não funcionem. Ele destaca que esses modelos cumpriram importante papel no início da pandemia. As máscaras N95/PFF2, no entanto, oferecem maior nível de proteção. E “nesse atual fase”, com o avanço da ômicron, são preferíveis. Ele espera que as propostas de Biden e Sanders sirvam de exemplo ao Brasil.

“Espero que inspire políticas públicas de distribuição ampla e gratuita de N95/PFF2 no Brasil, bem como boa comunicação sobre como usá-la corretamente”, tuitou o especialista. Ele afirma que é o modelo ideal para todas as variantes. “É a mais eficaz contra a ômicron, como também é contra a delta, a gama, a beta, a alfa etc.”

Ômicron: novos estudos

Estudo britânico divulgado nesta sexta aponta que a ômicron tem atingido também crianças mais novas naquele país. Com isso, estão aumentando as internações nessa faixa etária, inclusive de bebês.

Nas últimas quatro semanas, 42% das crianças internadas tinham menos de 1 ano de idade. Em comparação com as ondas anteriores, essa faixa etária representava cerca de 30% dos internados. No entanto, os casos são leves e as internações, de curto prazo, de acordo com reportagem da agência Reuters.

“Essas crianças não estão gravemente adoecidas. Na verdade, estão ficando (nos hospitais) por períodos curtos de tempo”, disse o autor Calum Semple, professor de Medicina e Saúde Infantil da Universidade de Liverpool. Ele também destacou que a quantidade de crianças internadas que necessita de oxigenação também vem caindo.

Outro estudo preliminar realizado por pesquisadores da Universidade de Berkley, na Califórnia, aponta os infectados pela ômicron têm 90% menos probabilidade de morrer em comparação com pessoas contaminadas com a delta. Além disso, os pacientes com a nova variante têm 52% menos chance de serem hospitalizados. E cerca de 75% menos de cuidados intensivos, de acordo com os pesquisadores.

A pesquisa analisou dados de quase 70 mil pacientes com covid-19, entre 1º de dezembro de 2021 e 2 de janeiro de 2022. Desse total, 52.297 infectados com a ômicron, e 16.982, com a delta. As conclusões do estudo, contudo, ainda precisam ser revisadas por outros pesquisadores.

Covid no Brasil hoje

O Brasil ultrapassou hoje a marca de 100 mil novos casos diários da covid-19. Foram registrados 112.286 novas infecções nesta sexta, contados em um período de 24 horas. Trata-se da maior taxa diária de infecção desde 18 de setembro de 2021.

Assim, a média móvel de diagnósticos chegou a 68.140 a cada um dos últimos sete dias. Dessa maneira, esse índice avança a patamares registrados em junho e julho do ano passado, quando o país viveu o pico da chamada segunda onda da infecção. Os dados são fornecidos pelo boletim diário do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

No mesmo período, 251 pessoas morreram, de acordo com os registrados oficiais. Como resultado, são oficialmente 620.796 vítimas da doença, desde o início da pandemia, em março de 2020. Contudo, no último mês, os números não são precisos, em função do apagão de dados do Ministério da Saúde no último mês. Ainda assim, o índice de óbitos é o maior desde o fim de novembro.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass


Leia também


Últimas notícias