São Paulo – O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou na manhã desta quinta-feira (23) que o carnaval de 2022, “no modelo que conhecemos”, não será autorizado em Salvador, assim como em todo o estado. Ele deu a declaração durante evento de inauguração de uma ala de hospital público, em que também assinou a ordem de serviço para ampliação do Hospital da Mulher, ambos na capital baiana. “Se no início de dezembro, estava difícil, agora ficou impossível.”

Rui Costa citou a alta do número de internações de pacientes com síndromes respiratórias e da média móvel do número de casos de covid-19, para a tomada da decisão. Também lembrou a crescente ameaça representada pela variante ômicron do novo coronavírus. Por fim, alertou que boa parte dos baianos ainda não completou o devido esquema vacinal contra a infecção.

“Só um completo irresponsável autorizaria carnaval nessas condições. Não só temos morte por coronavírus, mas pelo vírus da gripe (H3N2). Alguém falar de carnaval a essa altura do campeonato está sendo irresponsável com a vida do outro. Não há a mínima condição. (Admitir) Festa com 5 mil pessoas já é difícil, ainda mais com a escala do carnaval”, declarou.

O governador ressaltou a escalada de novos casos de covid em países da Europa e conclamou a população a respeitar os profissionais em serviços de saúde. “Perdemos muitos trabalhadores para o vírus. Enfermeiros, médicos, técnicos. Não faz sentido arriscarmos todo o esforço que essas pessoas fizeram”, completou.

Desanimador

Segundo afirmou ao jornal Folha de S.Paulo, a quantidade de casos ativos de covid-19 na Bahia cresceu de uma média de 2,2 mil para 3 mil nos últimos 30 dias. Ao mesmo tempo, a gripe H3N2 também pressiona o sistema de saúde. Ambas as infecções estão ameaçando as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de superlotação, tanto em Salvador como em cidades do interior. Ainda segundo o governador, também já se registra um aumento da demanda por internação hospitalar na rede pública de saúde. Além desse quadro, cerca de 2 milhões de pessoas deixaram de completar o ciclo vacinal e não tomaram a segunda dose de uma das vacinas contra o coronavírus. Somadas àquelas que ainda precisam tomar a dose de reforço, o número chega a cerca de 3 milhões.

“Mantidas ou agravadas essas condições, não há a mínima condição de reproduzir o que é o padrão do nosso carnaval. Infelizmente. A não ser que a gente queira viver uma tragédia de muitas mortes”, afirmou o gestor.

Até o fechamento desta matéria, ainda não havia decisão final sobre a realização da festa popular, já que o carnaval de rua de Salvador é organizado pela prefeitura. Porém, para sua realização, são necessário serviços que estão no âmbito do governo do estado, caso da segurança pública.

Menos popular

Antes mesmo da declaração de Rui Costa nesta manhã, diversos artistas, como Bell Marques e Gilberto Gil, já haviam se posicionado contra a realização do carnaval na capital baiana em 2022. Por outro lado, outros artistas e empresários deverão realizar festas privadas em Salvador no período.

Isso porque, conforme o governador fez referência, o decreto em vigor que regula o funcionamento de espaços públicos na pandemia no estado da Bahia permite festas com até 5 mil pessoas, mediante a exigência de comprovação do ciclo completo de vacinação.

Também hoje, por exemplo, o Salvador Folia, organizado por um grupo empresarial no chamado Centro de Convenções, teve calendário e preços divulgados. De 24 a 27 de fevereiro, a festa custará R$ 550 por noite. A programação inclui, entre outros, Ivete Sangalo, Claudia Leite, Margareth Menezes, Luisa Sonza e Ludmilla. Quem quiser garantir lugar em todos os shows pagará R$ 1.600.