Combate

Laboratório prepara atualização da CoronaVac contra a ômicron

Nova versão deve demorar pelo menos três meses para ser desenvolvida e testada. No entanto, presidente da Sinovac disse que a vacina tem se mostrado eficaz contra a nova variante

Miva Filho/SES-PE/Fotos Públicas
Miva Filho/SES-PE/Fotos Públicas
Estudos preliminares indicam que mutações da ômicron não seriam "drásticas o suficiente" para causar escape vacinal

São Paulo – O presidente do laboratório chinês Sinovac Biotech, Weidong Yin, e a vice-presidente e líder de pesquisa e desenvolvimento, Yallling Hu, afirmaram nesta terça-feira (7) que já estão trabalhando em uma nova versão da CoronaVac que vai combater também a variante ômicron do novo coronavírus. A previsão, segundo eles, é que esse processo de atualização do imunizante leve pelo menos três meses.

No momento, o laboratório tem se dedicado a isolar o vírus, a partir de amostras de pacientes de Hong Kong, para poder iniciar os testes de anticorpos neutralizantes. Na sequência, deverão realizar um ensaio clínico para examinar a eficácia do imunizante.

No entanto, durante simpósio realizado no Instituto Butantan sobre a CoronaVac, Yin também declarou que o imunizante tem garantido proteção contra a nova variante. “Vimos o surgimento de variantes da covid-19, e a ômicron nos preocupa. A vacina tem-se provado eficaz contra essa variante”. Ele destacou, ainda, a importância da parceria com o laboratório brasileiro para a atualização das vacinas.

No Brasil, até o momento, foram identificados seis pacientes infectados com a nova cepa. Em todo o mundo, mais de 50 países também notificaram casos da nova variante.

Nem alarde, nem otimismo

A neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19 Mellanie Fontes-Dutra destacou estudos computacionais realizados por pesquisadores da Universidade de Carolina do Norte apontam que as mutações na proteína Spike do vírus da variante ômicron “não seriam drásticas o suficiente para uma evasão completa de anticorpos neutralizantes”. O que significa, segundo ela, que seriam reduzidos os riscos de escape vacinal. A especialista destaca que tais dados experimentais são “críticos”. Contudo, trazem informações “relevantes”.

Por outro lado, outros estudos apontam para a capacidade de reinfecção por essa nova variante. Nesse sentido, Mellanie afirmou, pelas redes sociais, que defesa desenvolvidas pelos vacinados “muito provavelmente seriam úteis” contra a ômicron.

Pesquisador na Universidade de Vermont e membro do Observatório Covid-19BR, Vitor Mori ressaltou que a ômicron não deve ser encarada como sinal de que “o mundo vai acabar”. Contudo, também não se trata de um “presente de Natal”, como sugerem algumas publicações que destacam a suposta baixa letalidade dessa variante. “Nenhum dos dois extremos me parece muito realista. É muito difícil prever o que vai acontecer”, alertou.

Mori disse, ainda, que conta com uma boa cobertura vacinal, “mas talvez não o suficiente”. Portanto, é preciso seguir avançando na vacinação e seguir com os cuidados individuais. “O uso de máscaras de boa qualidade, boa ventilação dos ambientes e distanciamento seguem funcionando”.

Covid no Brasil

Nesta terça-feira, o Brasil registrou 274 óbitos confirmados pela covid-19, totalizando 616.018 desde o início do surto, em março de 2020. A média móvel de óbitos nos últimos sete dias está em 191, menor patamar desde o final de abril do ano passado, quando a doença estava despontando no país. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), foram confirmados 10.250 novos casos no último período de 24 horas monitorado pelo conselho.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass