Covid-19

Com primeiro óbito registrado pela ômicron, Reino Unido vai a nível 4 de alerta

Variante é responsável por 40% das infecções em Londres: “Está dobrando a cada dois ou três dias”, alerta secretário de Saúde britânico

Andrew Parsons / Nº 10 Downing Street
Andrew Parsons / Nº 10 Downing Street
"Duas doses não são suficientes, mas três doses ainda oferecem excelente proteção", afirmou o secretário de Saúde britânico

São Paulo – O governo britânico afirmou nesta segunda-feira (13) que pelo menos uma pessoa morreu em decorrência da variante ômicron do novo coronavírus. Trata-se do primeiro óbito confirmado pela nova cepa em todo o mundo. O primeiro-ministro, Boris Johnson, a disseminação da nova cepa tem levado a um aumento no número de internações. De acordo com autoridades de saúde do país, pode haver um milhão de pessoas infectadas com ômicron até o final do mês.

“Infelizmente, sim, a ômicron está gerando hospitalizações. E infelizmente, foi confirmado que pelo menos um paciente morreu em decorrência da ômicron”, disse Johnson. Ainda no domingo (12), o primeiro-ministro chegou a dizer que um “maremoto” de ômicron estaria prestes a atingir o país.

Nesse sentido, o líder conservador alertou que é preciso “deixar de lado” a ideia de que a ômicron representaria uma versão “mais branda” do vírus. Assim, ele também afirmou que a “melhor coisa” que as pessoas podem fazer para se proteger dessa variante é receber uma dose de reforço das vacinas contra a covid-19.

Propagação “fenomenal”

Para o secretário de Saúde britânico, Sajid Javid, a nova variante se propaga no país a um ritmo “fenomenal”. Ele também afirmou que a ômicron já responde por cerca de 40% das infecções registradas em Londres, a capital do país. “O que sabemos sobre a ômicron é que ela está se espalhando a um ritmo fenomenal, algo que nunca vimos antes. As infecções (pela variante) estão dobrando a cada dois ou três dias”, disse Javid.

Da mesma maneira, o secretário também prometeu acelerar a distribuição das doses de reforço. “Duas doses não são suficientes, mas três doses ainda oferecem excelente proteção contra infecções sintomáticas”, ressaltou.

Ele afirmou ainda que, apesar de os sintomas da ômicron serem potencialmente mais leves, o sistema de saúde poderá ficar sobrecarregado, caso o governo não haja adequadamente. Nesse sentido, as autoridades britânicas alerta nível 4 (numa escala até 5) contra a covid-19.

“Mesmo quando um vírus é ameno, uma pequena porcentagem de pessoas de um grande número (de infectados) ainda pode equivaler a um número elevado de hospitalizações”, disse Javid.

A partir dessa semana, além da aceleração das doses de reforço para pessoas com mais de 18 (após três meses da segunda dose ou dose única), o governo também pretende tornar obrigatório o certificado de vacinação ou um teste negativo para covid-19 para entrar em casas noturnas e grandes eventos a partir de quarta. A proposta ainda depende de aprovação do Parlamento.

Cuidados e interpretações

De acordo com o neurocientista Miguel Nicolelis, a situação no Reino Unido demonstra o quão rapidamente a ômicron pode se espalhar. Ele endossou a posição de Johnson sobre deixar de lado a concepção de que essa nova variante causaria casos menos graves da doença, até que mais dados sejam analisados.

“Um vírus que contagia mais, mesmo que ele cause casos menos sintomas severos, eventualmente pode levar a hospitalizações e mortes em massa devido ao crescimento exponencial de infecções”, alertou Nicolelis, pelas redes sociais.

A neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19 Mellanie Fontes-Dutra bateu na mesma tecla. Destacou que, mesmo que a proporção de casos graves seja menor, a alta transmissibilidade pode acarretar um “impacto forte” no sistema de saúde. Além dos que ainda não receberam a dose de reforço, a ômicron também se destaca pelo risco de infectar novamente aqueles que já tiveram a covid-19.

“É cedo para conclusões sobre a ômicron causar infecções menos graves, no geral. Temos o efeito da vacinação que também precisa ser considerado. A ômicron representa uma ameaça séria, mas não estamos de volta à estaca zero. Temos vacinas, máscaras, testes, ventilação, etc”, tuitou a especialista.

Covid no Brasil

Hoje (13), o Brasil registrou apenas 48 mortes por covid-19. No entanto, 11 estados não enviaram dados, devido à instabilidade no sistema do Ministério da Saúde desde o suposto ataque hacker, no final de semana. Outros cinco enviaram notificações incompletas. Além disso, às segundas-feiras é rotineira a subnotificação natural das notificações. Com estes números defasados, o total de óbitos confirmados chegou a 616.878 desde o início do surto da doença no país, em março de 2020.

Por outro lado, em iguais condições condições, foram confirmados 2.082 casos nas últimas 24 horas, de acordo com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), totalizando cerca de 22,2 milhões. Até o momento, 65,6% da população brasileira está totalmente imunizada, de acordo com o site Our World in Data, mas esses números também devem estar defasados.

Além disso, 11 pacientes infectados com a variante ômicron foram identificados no país, até o momento. Mas, segundo o próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, “com certeza deve haver mais” casos no Brasil.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass


Leia também


Últimas notícias