Em alerta

Ômicron avança: Reino Unido tem segundo dia seguido de recorde de casos

Governo britânico recomenda trabalho em home office e volta a exigir máscaras em locais públicos. Times de futebol discutem paralisação do campeonato inglês

Pixabay License
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Ômicron e delta: Reino Unido enfrenta "duas epidemias"

São Paulo – Pelo segundo dia consecutivo, o Reino Unido registrou recorde de casos de covid-19. Nesta quinta-feira (16), o país relatou 88.376 novas infecções pela doença em um período de 24 horas. Trata-se da maior quantidade num único dia, desde o começo da pandemia. Ontem, as autoridades britânicas haviam diagnosticado 78.610 contágios nem igual período. Tal elevação no contágio é atribuída à variante ômicron. O recorde anterior, de 68.053 casos, agora duplamente superado, foi registrado no início de janeiro. Logo depois, o país entrou em lockdown para conter o avanço da doença. O fechamento durou quatro meses.

“O pico em casos está colocando pressão no sistema de saúde, que sofre com funcionários doentes, disse o chefe de autoridade médica do Reino Unido, Chris Whitty, nesta quinta. Ao Parlamento britânico, ele alertou que “a ômicron é tão transmissível que, mesmo que se provar mais leve que outras, ainda pode causar um crescimento em internações hospitalares”.

Para Susan Hopkins, consultora médica-chefe da Agência de Segurança de Saúde, Susan Hopkins, o Reino Unido enfrenta duas epidemias. Uma causada pela delta, que leva a casos com sintomas graves da covid. A outra é pela ômicron, ao menos até aqui, apenas mais transmissível.

Restrições

Em função do aumento de casos, o governo britânico aconselhou que as pessoas trabalhem de casa. Além disso, voltou a exigir o uso de máscaras em locais públicos. E também passou a cobrar certificados de vacinação para entrada em alguns estabelecimentos (lojas, bares e restaurantes) e eventos no país. Os esforços, jusitifica, são para evitar a necessidade de um novo lockdown.

Também aumenta a pressão para o que campeonato inglês de futebol seja paralisado. Manchester United, Aston Villa, Tottenhan, dentre outras equipes, registraram surto de covid-19 entre os jogadores. Nesse sentido, cinco partidas já foram adiadas. “Casos de covid estão explodindo em todos os clubes da Premier League, todo mundo está lidando com isso e tendo problemas”, disse o técnico do Brentford, Thomas Frank, apoiando a paralisação. Já o técnico do Liverpool, o alemão Jurgen Klöpp apelou para que os britânicos se vacinem. O comandante dos chamados “diabos vermelhos” também disparou contra os negacionistas. “Ignorem aqueles que fingem saber. Ignorem mentiras e desinformação”, disse Klöpp.

Além disso, por conta dos recordes de casos no Reino Unido, a França decidiu nesta quinta (17) impor restrições a viajantes britânicos. Apenas algumas categorias profissionais, como motoristas de caminhão, terão tráfego livre entre os dois país. Assim, os demais viajantes terão de passar por período de isolamento, mesmo os vacinados. Até mesmo a rainha Elizabeth cancelou um almoço pré-natalino com a família real, como medida de precaução.

Ômicron ataca vias respiratórias

Também hoje, estudo divulgado pela Universidade de Hong Kong mostra que a ômicron se multiplica 70 vezes mais rápido nos tecidos das vias aéreas, em comparação com a delta. A proliferação acelerada ocorre principalmente nos brônquios dos pacientes. Por outro lado, nos pulmões, a nova variante se reproduz 10 vezes mais lentamente do que a versão original do coronavírus. Essas descobertas ajudam a explicar porque a ômicron é mais transmissível. E também apontam para a razão de produzir menos casos graves da doença.

A pesquisa utilizou modelos computadorizados para avaliar a interação da nova variante com as células do organismo. Tratam-se, entretanto, de dados preliminares. Os resultados ainda devem passar por revisão de outros cientistas.

“Isso pode ter implicações na transmissão e na gravidade da doença”, anotou a neurocientista e coordenadora da Rede Análise Covid-19, Mellanie Fontes-Dutra. “Pelos achados dos brônquios, é possível que isso explique, em parte, a alta transmissão da ômicron”, tuitou a especialista. “Pelos achados dos pulmões, é possível que, em parte, explique uma menor gravidade da doença”, acrescentou. No entanto, Mellanie ressalvou que são necessários estudos clínicos que comprovem as hipóteses trazidas pelos pesquisadores chineses.

Covid no Brasil

Enquanto isso, o Brasil registrou nas últimas 24 horas mais 124 mortes pela covid-19. No entanto, como ocorreu ao longo da semana, os dados estão defasados. Seis estados (Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba, São Paulo e Tocantins) não enviaram dados. Os problemas ainda decorrem da instabilidade no sistema do Ministério da Saúde desde o suposto ataque hacker, no final de semana. Com o apagão parcial de dados, o total de óbitos confirmados chegou a 617.395.

Além disso, em tais condições, as autoridades regionais confirmaram 3.720 novos casos, no mesmo período. Os dados foram colhidos pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ademais, os casos totais registrados seguem em torno de de 22,2 milhões (22.204.941).

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass


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