futuro incerto

São Paulo desobriga uso de máscaras em lugares abertos enquanto OMS reforça que pandemia não acabou

Enquanto a covid-19 deixa o mundo em alerta com ‘quarta onda’, Doria libera máscaras em locais abertos. OMS afirma que precauções devem continuar

Rovena Rosa/ABr
Rovena Rosa/ABr
Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) decidiu suspender o uso do instrumento de proteção a partir do dia 11 de dezembro

São Paulo – “Estamos preocupados com a falsa sensação de segurança de que as vacinas acabaram com a pandemia da covid-19 e que os vacinados não precisam tomar quaisquer outros cuidados.” A frase é do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom. A entidade está preocupada com o avanço da covid-19 em uma “quarta onda” em todo o mundo. O fim do ano, eventos com aglomerações, festas, pessoas sem máscaras e o carnaval são situações que preocupam especialistas.

Especialmente diante do abandono de medidas de proteção, como o fim da obrigatoriedade de máscaras. Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) decidiu desobrigar o uso de máscara a partir de 11 de dezembro, mesmo sob críticas de especialistas. A medida vale apenas para locais abertos e sem aglomerações. O governo alega que, na data, o estado terá alcançado 75% de vacinados no estado. A OMS recomenda 80%, enquanto a Alemanha, assombrada com a quarta onda, já fala em 85%.

Use máscaras

Embora o diretor da OMS não tenha criticado diretamente a realização do carnaval ou de festas de réveillon no Brasil, a entidade já deixou clara a preocupação. Tedros Adhanom disse que manifestações culturais devem ser avaliadas regionalmente. Entretanto, existem riscos e a pandemia, com o fim de medidas protetivas, ainda deve deixar um grande rastro de morte. “Continue a tomar precauções. Isso significa usar máscara, manter o distanciamento, evitar multidões e encontrar outras pessoas do lado de fora, se puder, ou dentro, mas em um espaço bem ventilado”, disse.

A eficácia das vacinas, como ele observa, já foi comprovada. No Brasil, este movimento fica claro com a redução de casos, internações e mortes. Contudo, os riscos de nova disseminação aumentam conforme os cuidados diminuem. Existem brechas, inclusive, de surgimento de novas variantes com o descontrole. Na Europa, já circula uma mutação da variante Delta, que pode estar relacionada com a explosão de casos. Além disso, não existe vacina 100% eficaz para conter mortes, nem a circulação do vírus. Então, mesmo com menos mortes, ainda serão muitas, teme a organização.

Reforço

“Se você for vacinado, terá um risco muito menor de covid grave e morte, mas ainda corre o risco de ser infectado e infectar outras pessoas”, reitera o diretor-geral. O pesquisador do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Leonardo Bastos ainda lembra que existe uma queda da imunidade meses depois da segunda dose da vacina. Por isso a ciência já indica doses de reforço. “O tempo de duração da imunidade é justamente a causa de considerarmos doses de reforço. Mas a cobertura vacinal sozinha não é suficiente para gerar a imunidade coletiva, pois a variante atual do vírus é altamente transmissível e exige uma cobertura vacinal alta”, afirma.

Bastos também está de acordo com a OMS no percentual necessário de vacinados para uma estabilização mais consistente do surto: 80%. “Uma cobertura alta só será atingida por aqui quando toda população for elegível para a vacina. Hoje são todos acima de 12 anos, precisamos que as crianças também sejam”, disse. Hoje, o Brasil tem cerca de 63% de pessoas totalmente imunizadas com duas doses.

Balanço

Hoje, nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 273 novas mortes por covid-19. Com o acréscimo o país chegou a 613.339 vítimas desde o início do surto, em março de 2020. Isso, sem contar com ampla subnotificação denunciada por cientistas. No mesmo período, também foram reportados 12.930 novas infecções, totalizando 22.043.112. O Brasil é o segundo país com mais mortes pelo vírus no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, que tem população 50% maior. Em 2021, o Brasil lidera como país com maior número de vítimas.

covid máscaras
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)


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