Imunização no Brasil

Especialistas aprovam antecipação da terceira dose contra a covid-19 em adultos

Governo federal anunciou que toda a população acima de 18 anos deverá tomar o reforço cinco meses depois da segunda dose

Cristine Rochol/Prefeitura de Porto Alegre
Cristine Rochol/Prefeitura de Porto Alegre
"Se não toma o reforço, o que acontece é que decai a produção de anticorpos", adverte Gonzalo Vecina sobre a importância da terceira dose

São Paulo – Infectologistas consultados pela Rádio Brasil Atual aprovaram a medida de antecipar e ampliar a vacinação da população adulta com a terceira dose contra a covid-19. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (16), o governo federal anunciou que todas as pessoas com mais de 18 anos deverão tomar o chamado reforço cinco meses depois da segunda dose da vacina.

A cobertura com a terceira dose da vacina contra o coronavírus já está ocorrendo entre a população idosa que teve completado 6 meses da aplicação da 2ª dose. Agora, o governo quer que o intervalo para a dose de reforço diminua para 5 meses e englobe toda a população adulta.

O médico infectologista Gonzalo Vecina explica que a medida é importante porque cada vacina tem seu prazo. E, no caso da vacina contra a covid-19, uma terceira dose é a resposta para a produção de mais anticorpos. 

“Temos que deixar claro que não é normal que as vacinas percam a capacidade de resposta imunológica com o tempo. Tem vacinas que são perenes, por exemplo, a vacina do sarampo. Tem a primeira dose, dado o reforço, ela é perene. Existem outras vacinas que têm o reforço a cada cinco, dez anos, como é a vacina contra o tétano. Já a vacina da gripe é todo o ano. Então, são diferentes respostas para diferentes vacinas, ou seja, você dá à vacina a produção de anticorpos. Agora, por quanto tempo é essa produção de anticorpos? Tem que viver para saber quanto tempo. Nesse momento é fundamental a dose de reforço, a terceira dose”, observa o infectologia.

Anticorpos

Vecina também valida que tomar a dose de reforço é uma garantia de proteção, já que tudo o que se sabe sobre o vírus SARS-Cov-2 é recente. “Essa vacina é uma vacina que estamos aprendendo. Por enquanto ela precisa de uma terceira dose, a ideia é para melhor proteger a população. Se não toma o reforço, o que acontece é que decai a produção de anticorpos”, adverte.

Ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, Alexandre Padilha, médico infectologista, avalia que com o final do ano, o afrouxamento de medidas de aglomeração e viagens de brasileiros para fora e turistas para o Brasil, faz com que seja fundamental a terceira dose no país.

“Acelerar o mais rápido possível a chamada dose de reforço, a terceira dose, sobretudo para as pessoas que já têm mais de cinco meses com a segunda dose, é fundamental para qualquer ação planejada de retomada de atividades com aglomeração em nosso país. Na medida em que brasileiros estão circulando pelo hemisfério norte, vão para lá no final ou começo do ano, pessoas vêm para cá no carnaval, brasileiros que vêm e voltam, ou seja, só existe o controle da pandemia se garantirmos a manutenção de percentuais elevados da população protegida”, justifica Padilha.

Terceira dose e proteção coletiva

Para o infectologista, é preciso levar em consideração também que os países da Europa, que já estão enfrentado novos surtos de covid-19, estão agora na estação mais fria do ano. O que dá ao Brasil, neste momento, a oportunidade de ampliar a cobertura vacinal e assim proteger a todos. Segundo Padilha, contudo, o governo de Jair Bolsonaro ainda é “lento” em garantir a imunidade das crianças menores de 12 anos.

“Há uma janela de oportunidades para acelerarmos a proteção. O Brasil deve acelerar o mais rápido possível essa vacinação como também já deveria ter acelerado a avaliação da vacinação em crianças. É um absurdo a postura atual do governo de ser lento na avaliação da introdução das vacinas para as crianças. Esse é um momento decisivo porque nós não estamos no inverno. O hemisfério norte está vivendo seu inverno com  aumento do número de casos. É muito importante aprovar os chamados passaportes vacinais, tomar as medidas como a Europa está tomando, onde só permite pessoas participarem de situações de aglomeração caso tenham tomado vacina. É muito importante aumentarmos a proteção da população. Se vacinar é um ato de se proteger individualmente e de proteger ao próximo e quem você ama”, finaliza.

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