Saga mentirosa

Apesar do negacionismo de Bolsonaro, Brasil progride no combate à covid

Enquanto os números mostram que os imunizantes salvam milhares de vidas em todo o mundo, presidente declara que não vai tomar vacina nenhuma

Reprodução/Youtube/Arquivo Pessoal
Reprodução/Youtube/Arquivo Pessoal
Bolsonaro segue em sua saga delirante de mentiras e negacionismo

São Paulo – O Brasil registrou hoje (13) mais 176 mortes e 7.852 casos novos casos de covid-19 no ´ultimo período de 24 horas monitorado pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Com a atualização, o país soma 601.574 vítimas e 21.597.949 infectados pelo novo coronavírus desde o início do surto, em março de 2020. A média móvel de óbitos está em 316 mortes a cada um dos últimos sete dias. É o menor patamar desde novembro de 2020. De acordo com o Imperial College, de Londres, a taxa de transmissão (Rt) no Brasil está em 0,6 , o que significa que cada grupo de 100 infectados transmite o vírus para outras 60 pessoas. Ou seja, a tendência é regressão da pandemia no Brasil.

O horizonte positivo mostrado pelos dados só foi possível com o avanço da vacinação. O país está perto de alcançar a marca de metade da população totalmente imunizada com duas doses, ou com vacina de dose única; 49,52% estão nesta condição, segundo o ministério da Saúde. Já os que tomaram a primeira dose são 76,78%. A eficiência das vacinas aplicadas em larga escala é inegável.

Estudo divulgado na segunda-feira (11) pela Agência Francesa de Medicamentos se soma a centenas de outros levantamentos que atestam a importância das vacinas. Foram analisados dados do chamado mundo real, ou seja, fora do laboratório e em larga escala. Em um cenário de 22 milhões de franceses, 11 milhões deles não vacinados, os imunizantes reduziram as hospitalizações em 90%. Para o levantamento, foram feitas análises anteriores e posteriores ao processo de vacinação em massa. O país aplica os imunizantes AstraZeneca, Pfizer e Moderna, e já tem 70% da população com esquema vacinal completo.

Dados covid. Mentiras e negacionismo
Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)

Mentiras e negacionismo

Porém, mesmo com o evidente sucesso da vacinação, o presidente Jair Bolsonaro disse, também hoje, que decidiu não se vacinar. O mandatário segue em sua saga de mentiras e negacionismo. A má gestão da pandemia levou o Brasil a ser o país com mais mortes pela covid em 2021 e segundo em números gerais, atrás apenas dos Estados Unidos, onde a população é 50% maior. Não por acaso, aquele país também tem uma parcela significativa de sua população negacionista e anti-vacinas.

Na verdade, é impossível dizer se Bolsonaro já se vacinou às escondidas ou não, já que – sem esclarecer a razão – ele decretou sigilo de 100 anos em sua carteira de vacinação. Agora, no que pode ser apenas um aceno à ala radical que ainda o apoia, volta a rejeitar a ciência e manifestar crença em teorias conspiratórias anticientíficas. “No tocante à vacina, eu decidi não tomar mais a vacina. Eu estou vendo novos estudos, eu estou com o meu, a minha imunização está lá em cima (…) Para que eu vou tomar uma vacina? Seria a mesma coisa que você jogar na loteria R$ 10 para ganhar R$ 2. Não tem cabimento isso daí”, disse.

A verdade

Mais uma vez, Bolsonaro provoca confusão. A ciência desmente a teoria de imunização duradoura através do contágio, sem vacinação. Logo, mesmo se não quiser proteger a si, Bolsonaro atenta contra a saúde pública ao atuar como propagador de vírus e estimular que seus apoiadores o imitem “Dados analisando reinfecções em pessoas que tiveram covid-19 anteriormente, e casos de infecções em pessoas vacinadas, demonstram que a frequência de reinfecções foi muito maior do que de casos em vacinados”, afirma a neurocientista e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Mellanie Fontes-Dutra.

Mellanie cita alguns estudos que apontam para este caminho. Um deles do The Oklahoma State Department of Health (OSDH), nos Estados Unidos. “As reinfecções eram nove vezes mais frequentes do que os casos entre vacinados. Mas com a chegada da Delta, vimos que, apesar da razão ter caído, as reinfecções ainda são duas vezes mais frequentes. Isso destaca um ponto:: é importante que recuperados se vacinem. Essa imunidade híbrida, de um recuperado que se vacina, pode fortalecer suas defesas contra o vírus”, completa.


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