Segunda geração

Pesquisadores buscam vacina em forma de spray nasal contra o coronavírus

Projeto desenvolvido por cientistas da USP, em parceria com a Unifesp e Fiocruz, pretende desenvolver imunizante de baixo custo e proteção duradoura, inclusive contra variantes, capaz de bloquear a ação do novo coronavírus ainda no nariz

James Gathany, Dr. Bill Atkinson, USCDCP em Pixnio
James Gathany, Dr. Bill Atkinson, USCDCP em Pixnio
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São Paulo – Pesquisadores da USP, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estão desenvolvendo um projeto para criar uma vacina em forma de spray nasal contra o coronavírus. Ainda em fases iniciais de estudo, o imunizante foi apresentado na última segunda-feira (30) durante o Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação.

“Uma das vantagens da imunização nasal é que ela gera uma imunidade local no nariz, na orofaringe (parte da garganta logo atrás da boca) e nos pulmões. É exatamente o ‘território’ ideal para impedir a consolidação de uma infecção pelo SARS-CoV-2. Vacinas injetáveis são muito boas para induzir imunidade sistêmica e também nos pulmões, mas não são especialmente boas para gerar uma resposta protetora na região nasal e orofaringe”, explica o professor da Faculdade de Medicina (FM-USP) e pesquisador do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (InCor) Edécio Cunha Neto, em reportagem de André Julião, da Agência Fapesp.

De acordo com o pesquisador, o objetivo é que o novo imunizante possa gerar anticorpos neutralizantes duradouros e estimular de forma robusta a imunidade celular, mediada pelos linfócitos T, que reconhecem o patógeno e destroem as células infectadas.

“As vacinas que existem hoje são excelentes, desenvolvidas em tempo recorde, mas agora precisamos de um imunizante de segunda geração capaz de contornar problemas que apareceram no decorrer da imunização e servir como reforço às injetáveis”, pontua Cunha Neto à Agência Fapesp.

Testes preliminares feitos com duas doses de protótipos do antígeno levaram à geração de elevadas quantidades de anticorpos neutralizantes em camundongos. Segundo o pesquisador, o produto deverá ainda ser estável em temperatura ambiente, seguro, com baixo custo e domínio de todo o processo de fabricação no país. Os testes clínicos devem ser realizados em 2022.

Spray nasal e novas vacinas

As vacinas atualmente utilizadas para combater a covid-19 são intramusculares e têm como objetivo reduzir o risco de internação e morte por conta da doença. Elas, no entanto, não previnem contra uma possível contaminação, embora estudos demonstrem que a transmissão pode diminuir em função da carga viral mais baixa das pessoas imunizadas que são contaminadas em relação às não vacinadas.

No mundo, há cerca de 300 vacinas em teste, das quais 12 são intranasais, parte delas já em fase de testes com humanos. A imunologista espanhola Adelaida Sarukhan atesta que os imunizantes intranasais têm “muitas vantagens” para lidar com vírus respiratórios, como o novo coronavírus. Entre as vantagens está o fato de “induzirem imunidade mucosa forte, que é caracterizada pelo segregamento de anticorpos IgA, capazes de parar a infecção no nariz imediatamente, antes que o vírus tenha tempo para se replicar e chegar aos pulmões”, explica, ao site 20minutos.

Com informações da Agência Fapesp

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