ainda trágico

Mortes por covid seguem em patamar alto no Brasil, que passa de 595 mil vítimas

Brasil tem número de mortes próximo aos piores dias do Reino Unido, quarto do mundo no ranking de vítimas. “Quase 800 óbitos registrados hoje e esse clima de ‘já passou’.”

Secom/GovBa
Secom/GovBa
No Brasil não existem políticas públicas consistentes para combate ao vírus, o que inclui a carência de testes e diagnósticos precisos.

São Paulo – O Brasil superoua marca oficial de 595 mil mortes por covid-19, com as 793 vítimas registradas hoje (28) durante o último período de 24 horas monitorado pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Ao todo, o país totaliza 595.446 óbitos causados pelo novo coronavírus desde o início do surto, em março do ano passado. Também foram notificadas hoje 15.395 novos casos da infecção. Ao menos 21.381.790 residentes no país foram contaminadas pelo vírus em um ano e meio de pandemia. Isso, sem contar com ampla subnotificação, já que não existem políticas públicas consistentes para combate ao vírus, o que inclui a carência de testes e diagnósticos precisos.

Números da covid-19 desta terça-feira no Brasil. Fonte: Conass

O número de vítimas notificados hoje é considerado elevado por especialistas. A média móvel de morte está em 572 óbitos a cada um dos últimos sete dias. Desde o dia 10 deste mês, a tendência de queda das mortes, iniciada na segunda semana de junho, foi interrompida. O mesmo movimento é observado em relação ao número diário de novos casos, que foi interrompido, por sua vez já no dia 13 de setembro. Hoje, a média está em 19.242 casos diários. “Não estou gostando dessa estabilização tão alta dos óbitos”, comenta o biólogo e divulgador científico Atila Iamarino.

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Já passou?

“Quase 800 óbitos registrados hoje e esse clima de ‘já passou’. Bem diferente da primeira subida ano passado. Nada como deixar bater mais de 3 mil mortes pra nivelar a expectativa do que é um cenário ruim”, completa o cientista. Ele fez referência ao pior momento da pandemia até então no país, entre março e maio, quando médias superiores a 3 mil óbitos diários foram observadas. Entretanto, conforme Atila, 800 mortes em 24 horas é um número extremamente elevado, que corresponde aos piores dias de países como o Reino Unido, quarto do mundo no ranking de mortes por covid-19. No topo deste índice trágico estão Estados Unidos, Brasil e Índia, consecutivamente.

Curvas epidemiológicas médias de casos e mortes diárias no Brasil. Fonte: Conass

Razões

Entre as razões apontadas por cientistas para a manutenção das mortes por covid em patamar alto no Brasil estão, principalmente, o abandono completo das medidas de isolamento social e o baixo número de vacinados com duas doses. . Além destes, pesam também o avanço da variante delta e a queda na imunidade de pessoas mais idosas e imunossuprimidos após seis meses de vacinados. De acordo com o Ministério da Saúde, 74,51% dos brasileiros tomaram a primeira dose da vacina e 43,76% estão totalmente imunizados com duas doses ou vacina de dose única. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica porcentagem acima de 80% de vacinados com duas doses para considerar o surto sob controle.

“Estamos falando desde julho – quando a altíssima transmissão da variante delta foi detectada – que pessoas vacinadas com apenas uma dose estão em maior risco de se infectarem e que duas doses são fundamentais. Iinclusive defendemos a diminuição do intervalo entre as doses. Além disso, em um cenário de pandemia, não basta só a vacina. As medidas de prevenção precisam continuar (máscara, distanciamento, evitar aglomeração, higienização das mãos). As vacinas não previnem infecção, elas previnem casos graves. Continuem se cuidando”, alerta a epidemiologista e pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel.


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