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Fiocruz defende ‘passaporte da vacina’ e manter distanciamento social

“Na visão dos cientistas, a iniciativa do passaporte da vacina é uma política pública para a proteção coletiva e estímulo da vacinação”, aponta a entidade

Paulo Pinto/Fotos Púbicas
Paulo Pinto/Fotos Púbicas
Brasil tem uma baixa taxa de pessoas com imunização completa, 38,16%, atrás de países como Uruguai, Equador, Argentina e Chile

São Paulo – Baseada na situação atual da pandemia de covid-19 no Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fez hoje (17) uma série de recomendações ao país. Entre elas, destaque para a necessidade de manter a cautela e rever o fim das medidas de distanciamento social. A entidade também faz uma defesa do passaporte de vacinação, um documento comprovando que a pessoa tomou vacinas para poder entrar em certos ambientes, especialmente os que contenham aglomerações.

“Na visão dos cientistas, a iniciativa é uma política pública para a proteção coletiva e estímulo da vacinação”, afirma a Fiocruz. O passaporte também funcionaria como uma “busca ativa” para pessoas com a segunda dose em atraso. “Quatro em cada dez cidades brasileiras apresentam dificuldades em completar o esquema vacinal da população pelo não comparecimento na data definida nos postos de saúde para a aplicação da segunda dose”, argumentam. Em todo o país, ao menos 8,5 milhões de pessoas estão com o esquema vacinal incompleto.

O Brasil tem uma baixa taxa de pessoas com imunização completa, 38,16%, atrás de países como Uruguai, Equador, Argentina e Chile. A Fiocruz recomenda uma suspensão mais adequada de medidas de segurança com mais de 70% da população totalmente vacinada. Tomaram a primeira dose 71,8%. Escassez de vacinas para a segunda dose impactam negativamente neste cenário. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro, vem pressionando o Ministério da Saúde para frear a vacinação entre jovens. A visão anticientífica atende a seguidores radicalizados que consomem teorias conspiratórias e mentirosas sobre a segurança dos imunizantes.

Reabertura sem critério

“Os cientistas ressaltam que o patamar de cobertura razoável para conseguir bloquear a circulação do vírus é de pelo menos 70% de pessoas com esquema vacinal completo. O Brasil ainda está longe do que temos hoje. Isto significa dizer que outras medidas de mitigação ainda possuem absoluta importância”, afirma. A circulação de variantes de preocupação, em especial a delta, que já representa mais de 90% dos casos de São Paulo, agrava a situação. Com o vírus circulando livremente, inclusive, aumentam as chances de novas mutações.

Em razão da má gestão da pandemia, o Brasil é visto – com estudos comprovando – como “celeiro” de variantes no mundo. Além da atuação do governo Bolsonaro como “aliado” do vírus, estados e municípios suspenderam com velocidade inadequada as frágeis medidas de isolamento que vigoraram ao longo do surto. “A circulação da variante Delta é um agravante no cenário atual, principalmente porque, em alguns locais, o processo de reabertura se torna cada vez mais acelerado e menos criterioso”.

Melhora

Embora a pandemia não tenha acabado, a Fiocruz pesa em seu último boletim informativo que o país vem registrando maior queda de mortes e casos desde o início do ano. “O número de casos e de óbitos sofreu a maior queda desde o início de 2021. São agora 12 semanas consecutivas de diminuição do número de mortes, com redução de 3,8% ao dia na última. O total de casos também apresenta tendência de redução, mas com oscilações ao longo das últimas 12 semana epidemiológica. Foi registrada uma média de 15,9 mil casos e 460 óbitos diários na semana de 5 a 11 de setembro”, afirmam.

Contudo a entidade considera os “níveis ainda altos e que geram preocupação diante da manutenção da positividade dos testes”. Alguns estados apresentam situação mais dramática. Em especial o Rio de Janeiro, que tem a única capital do país com ocupação de leitos acima de 80% (82%). “Apesar da análise das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), realizada pelo InfoGripe/Fiocruz, indicar tendência de melhora no quadro geral do país, o estudo chama atenção para a avaliação de média móvel das últimas semanas, que mostra que os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás e o Distrito Federal ainda estão com taxas acima de 5 casos por 100 mil habitantes − considerada muito alta”.

Balanço

O balanço de hoje da covid-19 no Brasil dfoi divulgado de forma incompleta pelo Conselho Nacional dos Secretários de Sa´úde (Conass). Não foram computados, por atraso no envio, dados das últimas 24 horas dos dois estados com mais mortos no Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo. Roraima também não enviou relatório. Considerada a ausência destes dados, o país registrou 333 mortes, totalizando 589.573. Já os casos no período somam 11.202. Com o acréscimo, o país chegou a 21.080.219 infectados desde o início do surto, em março de 2020.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass


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