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Atos e praias lotadas ampliam riscos da pandemia neste 7 de setembro

Enquanto manifestações levarão grupos antagônicos nos cuidados para evitar disseminação do coronavírus, previsão é de praias lotadas durante o 7 de setembro, o que inspira cautela. “Fiquem ao ar livre. Muito cuidado ao entrar em espaços fechados compartilhados”, recomenda cientista

ONG Rio de Paz
ONG Rio de Paz
Na última semana foram registradas 3.950 mortes, maior em duas semanas. Já em relação aos casos, a piora foi mais grave; com 241.161 casos, foi o pior resultado desde a semana entre os dias 15 e 31 de julho

São Paulo – A expectativa de um potencial aumento da disseminação do novo coronavírus neste 7 de setembro inspira cuidados da população e desperta preocupação de especialistas. Enquanto muitos brasileiros pretendem sair às ruas em diferentes cidades para manifestações políticas, outros deverão se dirigir majoritariamente às praias do país para aproveitar os quatro dias de feriado prolongado.

As maiores manifestações são esperadas em São Paulo e Brasília. De um lado estará o movimento que apoia a investida do presidente Jair Bolsonaro contra a democracia. Do outro, movimentos sociais, que se manifestam nesta data desde 1995 no Grito dos Excluídos. Desta vez, os atos populares se juntam à campanha “Fora Bolsonaro”, em defesa da democracia.

Os movimentos também se antagonizam na questão dos cuidados em relação à pandemia. Nos atos antidemocráticos, os apoiadores de Bolsonaro deverão seguir o mau exemplo do mandatário, que estimula aglomerações sem cuidados básicos como distanciamento e uso de máscaras. Por sua vez, os movimentos populares, movidos pelo agravamento da pandemia, o aprofundamento da crise política e econômica, o empobrecimento crescente, a volta da fome e as ameaças golpistas do presidente, buscam organizar os atos seguindo protocolos como distribuição e uso de máscaras e álcool gel, além de alertas constantes para se manter o distanciamento social.

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Redução de riscos

O físico, pesquisador na Universidade de Vermont e membro do Observatório Covid-19 Vitor Mori afirma que, seja na praia ou nas manifestações, é possível reduzir o perigo de contágio. Além de tentar manter uma distância segura de outras pessoas, quando isso não for possível o ideal é que se esteja em ambiente aberto. A transmissão em áreas livres e ventiladas é muito reduzida. O maior risco do contágio está nos locais fechados que eventualmente serão frequentados. No caso de manifestações, o transporte público apresenta o maior perigo. Nas praias ou parques, banheiros e lanchonetes.

“Fiquem ao ar livre (…) E lembrando que usar uma máscara de pano já é muito melhor que não usar máscara. Muito cuidado ao entrar em espaços fechados compartilhados”, recomenda. Como Mori afirma, máscaras de pano proporcionam alguma proteção, mas o ideal é buscar os modelos PFF2 ou N95. Elas garantem até seis horas de uso contínuo e estudos confirmam sua eficiência elevada diante de outros modelos.

Ar livre

“Apesar do avanço da vacinação e da redução nos números da pandemia, ela ainda não acabou. Importante dizer que ela vai acabar sim em algum momento. Mas ainda precisamos tomar alguns cuidados. Não existe risco zero para nada nessa vida. Essa busca é improdutiva e faz muito mal para nossa saúde física e mental. Também não existe sentença de infecção. Vamos fazendo o máximo que dá para manter o risco no menor nível possível”, ensina o cientista. .

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Números da covid-19

Hoje (3) o Brasil registrou mais 756 mortos por covid-19 em um período de 24 horas. Com o acréscimo, chega a 582.670 o total de vítimas da doença oficialmente registradas. Este número, entretanto, é subnotificado. De acordo com análise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), se corrigir o erro dos dados apenas de 2020, já seriam mais de 620 mil mortos. Trata-se do segundo país com mais mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Também hoje foram notificados 25.565 novos casos da infecção, totalizando 20.856.060 desde o início do surto, em março do ano passado. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

O avanço da vacinação segue reduzindo o número de óbitos e de casos graves da covid no Brasil, ainda que os patamares sigam elevados. Com 32,07% dos brasileiros totalmente imunizados e 68,25% tendo recebido ao menos uma dose de alguma vacina, a média móvel de mortes e casos, calculada em sete dias, segue em declínio. O índice das vítimas está em 621, p menor desde o dia 28 de dezembro, e casos em 21.736, o menor desde o dia 10 de dezembro.

O avanço da variante delta preocupa e já deixa cidades do Rio de Janeiro em colapso hospitalar. Entretanto, o segundo estado a anunciar prevalência da cepa mais contagiosa, São Paulo, vem apresentando boa resposta. A Fiocruz mesmo reviu em boletim divulgado ontem (2) uma tendência de ascensão nos casos que não se confirmou.