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Vacinas contra a covid em idosos perdem força com o tempo, diz Fiocruz

Estudo confirma alta eficácia de vacinas, mas queda da imunidade em idosos confirma necessidade da terceira dose

Ali Raza/CC.0/Pixhere
Ali Raza/CC.0/Pixhere
"Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas", afirma pesquisador da Fiocruz

São Paulo – Estudo divulgado hoje pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirma o que já se esperava: a eficácia das vacinas contra a covid-19 em idosos cai sensivelmente à medida que passa o tempo da aplicação da segunda dose. O levantamento considera a efetividade no “mundo real”, ou seja, analisa os resultados concretos da vacinação em larga escala. Os imunizantes avaliados foram AstraZeneca (Vaxzevria) e CoronaVac, as duas mais utilizadas no país.

Ambas confirmaram proporcionar alto percentual de proteção contra sintomas graves e óbitos causados pelo novo coronavírus nos organismos que receberam as duas doses, conforme indicado. A AstraZeneca/Fiocruz registrou 90% de proteção e a CoronaVac, 75%. Contudo, a eficácia cai com o tempo, especialmente entre os mais velhos. Dos 80 aos 89 anos, a vacina AstraZeneca/Fiocruz manteve-se perto da proteção inicial, baixando para 89,9%, enquanto a CoronaVac desce a 67,2%. Acima dos 90 anos, esses índices ficaram em 65,4% nos vacinados com AstraZeneca/Fiocruz e 33,6%, com CoronaVac.

Contra casos sintomáticos da doença, sem agravamento com morte, a AstraZeneca apresentou proteção de 72,9% e a CoronaVac 52,7% nesta faixa etária. Contra hospitalizações, 88% e 73,8%, respectivamente. Mesmo com proteção relevante, a redução nas eficácias contra mortes em faixas etárias mais elevadas revela a necessidade de aplicação de uma terceira dose neste público.

“Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas. O que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio. Essa é também a primeira comparação feita entre vacinas que usam diferentes plataformas”, disse o coordenador da pesquisa, Manoel Barral-Netto, da Fiocruz Bahia. “A intenção é fornecer dados para embasar decisões dos gestores”, completou.

Queda nas eficácias das vacinas em relação à idade. Fonte: Fiocruz

Covid no Brasil

Enquanto isso, o Brasil registrou nesta sexta-feira (27) mais 761 mortes por covid-19 elevando a 578.326 vítimas o total de vítimas do vírus oficialmente notificados. O número de novos infectados registrado no período foi de 27.345, totalizando 20.703.906 desde o início da pandemia, em março de 2020. Os dados foram informados pelas secretarias estaduais de Saúde e compilados pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). O órgão informa que o Ceará não conseguiu enviar os dados do dia até o fechamento do boletim.

Números da covid-19 desta sexta (27) no Brasil. Fonte: Conass

Os registros oficiais são subnotificados, e estudos indicam que o número real de mortes já superou as 610 mil, pelo menos. Entretanto, já está claro que o avanço da vacinação segue apresentando resultados positivos. O Brasil tem 29% de vacinados com duas doses e 65,74% apenas com a primeira por enquanto. Com isso, a média móvel de mortes por covid no país é de 688 óbitos a cada um dos últimos sete dias. É a primeira vez que o índica fica inferior a 700 desde o dia 3 de janeiro.

Por sua vez, a média móvel de infectados é de 25.155, a menor desde o dia 12 de novembro do ano passado. Embora positivos, dados da última semana alertam para uma tendência de estagnação na melhora no registro diário de novos casos, também de acordo com a Fiocruz. Impacta sobre este cenário o avanço da variante delta, até 70% mais contagiosa, e o fim precoce de medidas protetivas de isolamento social.


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