Pandemia

Covid-19: quase metade das mortes de menores no Brasil é de crianças com até 2 anos de idade

Levantamento realizado pela Fiocruz mostra ainda que um terço dos óbitos decorrentes do novo coronavírus em pessoas com menos de 18 anos ocorreram entre crianças com até 1 ano e 9% entre bebês com menos de 28 dias de vida

Rovena Rosa / ABr
Rovena Rosa / ABr
Surto de covid-19, em ritmo de queda no Brasil, ameaça com variante mais contagiosa. Europa vê infectados subir e Ásia impõe medidas de isolamento

São Paulo – Um estudo inédito realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com base em dados do  Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil (SIM), do Ministério da Saúde, aponta que 45% das crianças e adolescentes brasileiros mortos pela covid-19 em 2020 tinham até 2 anos de idade. O levantamento apontou também que pouco mais de um terço (37%) dos 1.207 óbitos de pessoas até 18 anos ocorreram entre menores de 1 ano e 9% entre bebês com menos de 28 dias de vida.

“Estratificamos os dados obtidos no SIM para mensurar o impacto da covid-19 entre menores de 18 anos. No ano passado, foram registrados 1.207 óbitos nessa faixa etária, sendo 110 entre recém-nascidos com menos de 28 dias de vida. Esperamos que essas conclusões orientem políticas públicas para o enfrentamento da pandemia”, aponta o coordenador do estudo, Cristiano Boccolini, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz).

Embora a forma assintomática da covid-19 seja mais comum entre crianças e adolescentes, eles podem transmitir e também adoecer gravemente caso sejam contaminados. “Em alguns países, como nos Estados Unidos, o avanço da variante Delta aumentou o número de casos novos de covid-19 e esse aumento expõe cada vez mais crianças ao vírus. Em muitos lugares os leitos infantis estão sobrecarregados e isso pode acontecer no Brasil também”, adverte o pesquisador.

Boccolini adverte para a necessidade não apenas do aumento da vacinação como também da preocupação em relação às medidas não farmacológicas. “O aumento da cobertura vacinal de adultos tem que avançar mais rapidamente e gestantes e lactantes devem ser prioridade. Contudo, para conter a circulação do vírus e proteger nossas crianças, o uso de máscaras e o distanciamento social devem continuar mesmo após a vacinação.”

“Outra recomendação importante é que mães com covid-19 continuem amamentando seus bebês, se ambos tiverem condições físicas para isso. Os benefícios do aleitamento materno superam em muito o risco de contaminação. Cuidados sanitários, como higiene das mãos e uso de máscaras tipo PFF2 e N-95, devem ser reforçados nesses casos”, explica o pesquisador.

Com informações da Agência Fiocruz de Notícias


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