ALERTA

Variante delta da covid-19 é tão contagiosa quanto a catapora, diz pesquisa

Especialistas afirmam que não é hora de flexibilizar restrições. No Brasil, a OMS alerta que a cepa deve se tornar dominante a partir das próximas semanas

Itamar Crispim/Fiocruz
Itamar Crispim/Fiocruz
Estudos do Canadá e da Escócia descobriram que as pessoas infectadas por ela têm maior probabilidade de serem hospitalizadas

São Paulo – O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos aponta que a variante delta da covid-19 é mais contagiosa que outras cepas e tem mais probabilidade de causar variações graves da doença. As informações foram divulgadas em uma apresentação interna da agência.

A pesquisa diz ainda que a variante delta da covid-19 é mais transmissível do que os vírus que causam MERS, SARS, Ebola, resfriado comum, gripe sazonal e varíola. Além disso, é tão contagiosa quanto a catapora.

A nova aceleração da pandemia registrada pelo planeta tem o Sudeste Asiático como grande protagonista, com aumento de 30% nas mortes na última semana. “A variante delta está se espalhando rapidamente por todos os continentes e já chegou a todos os países”, relata a OMS. “A cepa será dominante globalmente e continuará a se espalhar nos próximos meses, a não ser que surja um novo vírus mais competitivo”, completou o diretor da OMS na Europa, Hans Henri Kluge, na última terça-feira (27).

A infecção pela delta também pode ter maior probabilidade de superar as proteções das vacinas e levar a quadros mais graves, apontou o documento. Estudos do Canadá e da Escócia descobriram que as pessoas infectadas por ela têm maior probabilidade de serem hospitalizadas, enquanto pesquisas em Cingapura indicaram que é mais provável que necessitem de oxigênio.

Ainda assim, o CDC destaca que a vacinação é altamente efetiva para prevenir formas severas da covid-19. “No geral, a delta é a variante problemática que já sabíamos que era”, afirmou o virologista da Weill Cornell Medicine, em Nova York, John Moore. “Mas o céu não está caindo e a vacinação ainda protege fortemente contra os piores resultados.”

Variante delta não deixa flexibilizar

O Brasil registrou, ontem (29), 1.318 mais mortes em decorrência da covid-19 em 24 horas. Com o acréscimo, o país chegou a 554.497 vítimas do vírus. No mesmo período, foram contabilizados 42.283 novos casos, totalizando 19.839.369 desde o início da pandemia, em março de 2020.

No Brasil, a OMS alerta que a cepa deve se tornar dominante a partir das próximas semanas. Entretanto, as autoridades brasileiras mais uma vez ignoram os alertas e suspendem as já pouco eficientes medidas de proteção. Em São Paulo, por exemplo, o governador João Doria (PSDB) anunciou o fim de todas as restrições para o dia 17 de agosto.

O cientista Miguel Nicolelis reforça que a variante delta é transmissível que a gripe comum e terá um impacto enorme sobre a população brasileira. “Mais de 71 mil casos nas últimas 24 horas nos EUA. Precisamos nos preparar para uma nova possível explosão de casos no Brasil por esta variante”, disse em seu perfil do Twitter.

Já a cientista e epidemiologista Denise Garrett enfatizou não é o momento de flexibilizar nenhuma medida de restrição. Ela afirma que as vacinas continuam protegendo, mas a delta tem um “potencial devastador” entre os não vacinados.

“A pandemia entre os não vacinados está levando à um aumento de breakthroughs (infecção entre os completamente vacinados) e transmissão pode aumentar mesmo em comunidades vacinadas. Com a baixa cobertura vacinal no Brasil, somente as vacinas não vão segurar a delta. Medidas não farmacológicas para redução da transmissão são essenciais. Vamos tentar passar por essa onda da delta com o menor dano possível”, acrescentou.


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