melhora significativa

Internações por covid-19 em São Paulo caem ao menor patamar em quatro meses

Efeito da vacinação, número total de internados e média diária de novas internações por covid-19 são os menores registrados nos últimos 120 dias

Mário Oliveira – SEMCOM
Mário Oliveira – SEMCOM
Queda contínua nas internações mostra que a vacinação está tendo resultado e reduzindo os casos graves de covid-19

São Paulo – As internações de pessoas por complicações da covid-19 seguem em queda em São Paulo. O total de pacientes internados caiu abaixo de 20 mil pela primeira vez em quase quatro meses. E a média diária de novas internações completou 21 dias consecutivos de queda, registrando hoje o valor de 2.015, menor taxa desde 3 de março, quando houve 2.006 internações. No entanto, naquele momento, as internações estavam em franco aumento. Hoje não há indicativos de reversão da tendência de queda.

Os dados mostram que hoje há 19.763 pessoas internadas, sendo 9.556 em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 10.207 em enfermarias. O número de pessoas em UTI registra queda há 23 dias seguidos e é o menor desde 10 de março, quando havia 9.287 pacientes nessa situação. Já o total de internados em enfermaria vem caindo há 21 dias e é o menor desde 4 de março, quando havia 9.991 pessoas nessas condições. Hoje, nenhuma região do estado tem ocupação de UTI acima de 90%, sendo que metade está abaixo de 80%.

Para o infectologista do Hospital Universitário da USP Gerson Salvador, apesar dos problemas e da lentidão na vacinação contra a covid-19, essa queda nas internações é resultado do avanço da imunização. “A gente tem visto uma discrepância entre o número elevado de novos casos e um número menor de internações e mortes. Isso provavelmente se deve a um efeito protetor das vacinas, sobretudo nas pessoas mais vulneráveis, as pessoas com mais de 60 anos ou com comorbidades que já estão vacinadas”, explicou.


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Para o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, Paulo Menezes, a queda nas internações é reflexo direto da vacinação da população a partir de 60 anos, que está quase completa. Porém isso não se reflete no número de casos porque esse grupo tem participação menor na transmissão da doença: 15%. Já os grupos etários mais expostos – 30, 40 e 50 anos – ainda não receberam a vacina. Esses respondem por mais da metade dos casos.

“Isso começa a aparecer de forma clara nos nossos indicadores. Tivemos aumento de 18% no indicador de casos por 100 mil habitantes. O de internações por 100 mil habitantes teve movimento contrário, uma redução de 5%. Nós sabíamos que, até o momento atual, o impacto da vacinação na transmissão seria limitado. Devemos começar a observar o impacto da vacinação dessas faixas etárias (40 a 59 anos) ao longo de julho”, disse Menezes.

Apesar de ser uma situação melhor do que a registrada nos últimos 120 dias, o total de pacientes internados e a média diária de internações ainda estão em patamares elevados, maiores do que os registrados em todo o ano passado. Os números de novos casos e mortes também seguem elevados, mostrando que a situação ainda não está sob controle.

Os dados do Boletim Coronavírus do governo paulista mostram que a média diária de novos casos registrados teve uma queda na última semana, mas ainda está acima de 13 mil. E a taxa de novos casos é de 470 por 100 mil habitantes. Os parâmetros internacionais indicam que a partir de 100 casos por 100 mil habitantes a situação é de pandemia descontrolada. A média de mortes diárias também registrou queda na última semana, mas segue acima de 500 óbitos por dia.

Vacinação x internações por covid-19

Ao menos dois estudos realizados em São Paulo mostram que a ampla vacinação é capaz de finalmente conter a pandemia de covid-19. Um deles foi realizado na cidade de Serrana, no oeste paulista, com a vacina CoronaVac. E o outro, mais recente, com a vacina da AstraZeneca, na cidade de Botucatu.

Na cidade de Serrana ficou demonstrado que é possível controlar a pandemia do novo coronavírus, com redução de 95% das mortes, 86% nas internações e 80% nos casos sintomáticos de covid-19, após imunização da população adulta com duas doses.


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O projeto S, realizado pelo Instituto Butantan com a vacina CoronaVac, demonstrou também que a vacinação de 75% da população já promove um impacto significativo na transmissão da doença, protegendo inclusive aqueles que não puderam ser vacinados. E mostrou ainda que não há necessidade de realizar a aplicação de novas doses da vacina em idosos. O projeto de ampla vacinação foi realizado entre 7 de fevereiro e 15 de maio, na cidade de Serrana, que tem 45.684 moradores, dos quais 62% são adultos. Destes 95,7% receberam as duas doses da vacina.

“Percebemos que os fenômenos observados não acontecem aleatoriamente, mas se repetem nos quatro grupos em momentos diferentes. O resultado mais importante foi entender que podemos controlar a pandemia mesmo sem vacinar toda a população. Quando atingida a cobertura de 70% a 75%, a queda na incidência foi percebida até no grupo que ainda não tinha completado o esquema vacinal”, explicou o diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palácios.

Em Botucatu foi registrada queda de 71% nos novos casos de covid-19, após a primeira dose da vacina ter sido aplicada em 81% da população. Em apenas duas semanas, a média de novos casos da doença caiu de 141 para 40 por dia. Na última quarta-feira (23), o Hospital do Bairro de Botucatu não registrou nenhuma internação, situação inédita desde o início da pandemia. Como o intervalo da vacina é de três meses, deve-se observar queda ainda maior nos casos, já que o potencial de proteção aumenta significativamente após a segunda dose.


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