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Doria flexibiliza restrições do comércio e anuncia aulas presenciais no ensino superior

Indicadores da covid-19 em queda e promessa de antecipação na vacinação sustentam flexibilizações. Mas, maioria dos estudantes não estará vacinada no retorno às aulas presenciais

reprodução/facebook
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Doria anunciou antecipação da entrega de 47 milhões de doses ao governo federal e aquisição de 4 milhões de doses extras para São Paulo

São Paulo – O governo do estado de São Paulo anunciou uma série de medidas de flexibilização das regras de distanciamento social para enfrentamento da covid-19. Entre elas, destaque para a ampliação do horário de funcionamento do comércio a partir de sexta-feira (9), para as 23h, e também da capacidade de ocupação dos estabelecimentos, de 40% para 60%. Mesmo com o novo direcionamento, prefeituras seguem com autonomia para manter ou ampliar restrições de forma local.

Outra medida anunciada neste mesmo sentido autoriza o retorno das aulas presenciais no ensino técnico e superior a partir de 2 de agosto. Ainda na área da Educação, o governo alterou o decreto que regula a volta das aulas presenciais no estado. A ocupação máxima em escolas de nível superior e técnico seguirá a lógica dos estabelecimentos comerciais em relação a horário e ocupação máxima, ou seja, 60% até as 23h. Já as escolas de ensino básico seguem sem limites, a critério das diretorias.

Na contramão

O anúncio foi feito em coletiva na tarde de hoje (7) e vai na contramão das recomendações de especialistas como os da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As medidas restritivas, já frouxas e ineficazes, passam a ser ainda mais leves. Para a entidade, o momento é de acelerar a vacinação e alerta que apenas com restrições estratégicas será possível controlar a pandemia com celeridade e salvar vidas. “”Ficam mantidas as recomendações de cautela em relação à flexibilização do distanciamento social para redução da transmissão da covid-19, enquanto a tendência de queda não tiver sido mantida por tempo suficiente para que o número de novos casos atinja valores significativamente baixos”, afirma a Fiocruz.

Outro ponto de preocupação é com o rejuvenescimento da pandemia. Diante do avanço da vacinação entre as faixas etárias mais altas e o fim das medidas de isolamento social, os jovens são, cada vez mais, maioria entre os mortos e internados em UTIs. Agora, essa parcela da população que está relativamente longe de ser vacinada, ainda deverá voltar compulsoriamente às aglomerações nas universidades e instituições de ensino técnico.

Número de internações diárias em queda é argumento do governo para flexibilização de regras de distanciamento social. Fonte: Gov. SP

Desprotegidos

De acordo com o calendário de vacinação do estado, pessoas entre 18 e 24 anos, que correspondem a boa parte dos matriculados em ensino superior, devem receber as primeiras doses de vacinas somente entre os dias 1º e 15 de setembro.

Mesmo assim, o governo mostra pressa e atropela o próprio Programa São Paulo, que estabelecia metas para flexibilizações de acordo com os dados da pandemia no estado. Hoje, o programa foi ignorado, e vigora uma chamada “Fase de Transição” que, na prática, contém menos medidas de proteção às pessoas do que as fases mais brandas do plano original.

Vacinação

A boa notícia nos anúncios do governo veio em formato de promessa. O governador, João Doria (PSDB), disse que o calendário de vacinação no estado deve ser antecipado. Entretanto, não deu informações detalhadas e disse que as datas serão divulgadas nos próximos dias. A antecipação tem relação com o desempenho acelerado do Instituto Butantan na disponibilização de doses da CoronaVac.

O Butantan antecipará em 30 dias as entregas de vacinas contratadas pelo governo federal. Das 100 milhões de doses esperadas, faltam 47 milhões. O prazo para entrega seria até 30 de setembro, mas o instituto cumprirá com a obrigação antes, até 31 de agosto. “Vamos antecipar a vacinação no estado de São Paulo sem interferir com nosso contrato do Instituto Butantan com o Brasil”, disse o governador.

Além da antecipação em relação às entregas nacionais, o estado adquiriu 4 milhões de doses extras, que serão aplicadas exclusivamente na capital. “Dessas, 2,7 milhões chegam hoje em São Paulo. Nosso compromisso com a vida da população e a retomada da economia. Uma vez que vacinas compradas diretamente pelo estado já vêm prontas para aplicação, isso não vai interferir em nada com o compromisso que vamos antecipar junto ao Programa Nacional de Imunização”, completou Doria.

Números

Além do avanço na vacinação, o governo do estado argumenta que as flexibilizações estão sustentadas pela redução progressiva dos indicadores da covid-19. Na última semana, houve recuo de 2,95% na taxa de ocupação de enfermarias e 1,69% em UTIs. As taxas de ocupação dos leitos de alta complexidade estão em 70,2% no estado e 64,6% na Grande São Paulo. Destaque positivo para a Baixada Santista, com 44% de leitos de UTI com pacientes.

Ocupação de leitos. Fonte: Gov. SP

O coordenador do Centro de Contingência ao Coronavírus, Paulo Menezes, disse que “estamos vendo progressos nos indicadores que eram esperados devido ao avanço da vacinação. Acho que estamos caminhando com muita segurança e responsabilidade”. Ele negou irresponsabilidade nas ações de flexibilização e argumentou que o “toque de recolher” entre as 23h e 5h será mantido, especialmente para bares, baladas e restaurantes.


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