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Brasil passa de 540 mil mortes por covid-19. OMS alerta: pandemia longe do fim

Embora casos e mortes tenham recuado, nas últimas semanas, tendências ainda apontam para níveis perigosos de transmissão

ONG Rio de Paz
ONG Rio de Paz
Na Europa, países com taxas de vacinação superiores às do Brasil, como a Alemanha, o cenário atual é o pior desde o início da pandemia. Agora, Carnaval preocupa

São Paulo – O Brasil superou a marca de 540 mil mortes por covid-19 (veja quadro abaixo) depois do registro de 1.456 vítimas nas últimas 24 horas, de acordo com o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Os dados oficiais das secretarias estaduais de Saúde ainda apontam para 45.591 novas infecções registradas no último período, somando 19,3 milhões de casos de covid-19. Com o avanço da vacinação, a maior parte do país segue em tendência de recuo dos indicadores da covid-19. Entretanto, o último boletim Infogripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado hoje (16), aponta para piora em dois estados: Amazonas e Amapá. Entre as capitais, apresentam sinais de crescimento Macapá, Manaus, Porto Alegre e Vitória.

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Números de casos e mortes da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

No restante do Brasil, outras sete capitais estão em ponto de estabilização, ou seja, a queda observada nos casos e mortes por covid-19 nas últimas semanas foi interrompida. São elas: Brasília, Florianópolis, João Pessoa, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro e Teresina. A transmissão do vírus segue em níveis alarmantes em todo o país de acordo com a entidade. Das 27 capitais, Belém, Boa Vista, Cuiabá, Palmas e Vitória apresentam nível alto de transmissão; enquanto Aracaju, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Manaus, Natal, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador e São Luís nível muito alto; e Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Goiânia, Macapá, Maceió, Porto Alegre, São Paulo e Teresina nível extremamente alto.

Falta de cuidados

Embora as curvas epidemiológicas de novos casos e mortes diárias apresentem queda sustentável, os dados da Fiocruz apontam que a situação está longe do controle. Isso se deve, de acordo com a instituição, devido ao relaxamento de medidas de segurança contra o vírus, como distanciamento social e uso de máscaras. “Essa situação manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, com tendência de agravamento nas próximas semanas caso não haja nova mobilização por parte das autoridades e população”, afirma o boletim.

O pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, reafirma a necessidade de cuidados. “Mesmo  com essa redução ainda temos a imensa maioria do território em situação gravíssima. Todos os estados apresentam macrorregiões em nível alto ou superior, sendo que 12 estados e o Distrito Federal apresentam macrorregiões em nível extremamente elevado. Isso evidencia a necessidade de manutenção de medidas de mitigação da transmissão”.

Curva de novos casos no Reino Unido em comparação com hospitalizações. Vacinas funcionam. Fonte: Our World in Data

Longe do fim

A disseminação da variante delta do vírus, até 70% mais contagiosa e mais resistente às vacinas, motiva a piora de indicadores em muitos países. Entre eles, a Inglaterra, que já tem 60% da população totalmente imunizada com duas doses e cerca de 80% já com a primeira dose em dia. Sem medidas de restrição, o número de novos casos explodiu no país. Entretanto, as vacinas seguem se mostrando efetivas para prevenir mortes, já que o número de vítimas não acelerou no mesmo nível.

Especialistas comemoram a eficácia das vacinas, mas consideram a situação de alto risco. O maior receio é de que alguma variante nova possa ser mais letal, ou mesmo driblar a imunidade alcançada com as vacinas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lamentou as tendências recentes da covid-19. “A pandemia está longe de acabar”, disse o diretor-geral, Tedros Adhanom.

O Comitê de Emergência da OMS alertou sobre “forte probabilidade” do surgimento de novas variantes no panorama atual. “As tendências recentes são preocupantes. Dezoito meses depois de declarar a emergência de saúde pública internacional, continuamos correndo atrás do coronavírus”, disse o presidente do Comitê, Didier Houssin. Ele ainda destacou que as chances do surgimento de cepas mais perigosas são igualmente elevadas.

Além de reforçar o pedido para a manutenção de cuidados não farmacológicos com o vírus, a entidade fez críticas sobre a falta de vacinas em países mais pobres. “Vamos continuar defendendo incansavelmente o acesso e distribuição igualitários das vacinas em todo o mundo, fomentando a troca de doses, a produção a nível local, a liberação dos direitos de propriedade intelectual, assim como a transferência de tecnologia, o aumento da capacidade de produção e, obviamente, o financiamento necessário para conseguir tudo isso”, disse Houssin.


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