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São Paulo volta a registrar mais de 100 mil casos de covid-19 em uma semana

Fracasso de Doria na gestão da pandemia deixa casos de covid-19 totalmente descontrolados em São Paulo. Internados em UTI já superam pior estimativa

Governo do Estado de São Paulo
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Aumento de casos de covid-19 em São Paulo reflete fracasso do governo Doria na gestão da pandemia

São Paulo – O fracasso do governo de João Doria (PSDB) na gestão da pandemia covid-19 em São Paulo ficou mais uma vez evidente na última semana. Enquanto o governador apresenta propostas para afrouxar ainda mais as medidas de isolamento social, o estado voltou a registrar mais de 100 mil novos casos de covid-19, em meio ao aumento das internações e das mortes pela doença. Além disso, com 12 dias de antecedência, o número de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) por complicações da infecção pelo novo coronavírus já superou a pior estimativa feita pelo Centro de Contingência do Coronavírus.

Os novos casos de covid-19 em São Paulo já vinham crescendo desde a semana de 2 a 8 de maio, quando foi registrado o menor número desde o pico da pandemia, em abril: 79.296 novos casos. Porém, já na semana seguinte, 9 a 15 de maio, foram 87.953 novos casos. E de 16 a 22 de maio, 95.385. Entre 23 e 29 de maio, ocorreram problemas no sistema de notificação do Ministério da Saúde, o que derrubou o número de casos registrados para 74.289. Já na última semana o número retomou a curva ascendente, chegando a 100.553 notificações.

Em total descontrole

Com isso, o número de novos casos por 100 mil habitantes voltou a subir, chegando hoje a 393,5, quase 300% acima do que os critérios internacionais já consideram como pandemia descontrolada. Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças do Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), a partir de 100 novos casos por 100 mil habitantes, a situação já é de descontrole da pandemia.

O percentual de testes positivos também mostra o descontrole da pandemia em São Paulo que, nos parâmetros internacionais, ocorre quando mais de 5% dos testes para covid-19 resultam positivos. Em São Paulo, esse percentual é de 35%.

Mesmo assim, o governo Doria pretende aumentar a flexibilização da quarentena, com abertura de todos os estabelecimentos até as 22h e 60% de ocupação – mas sem fiscalização –, condições idênticas à da fase verde do Plano São Paulo. O comitê de contingência, inclusive, admitiu que essa abertura levaria a um aumento de internações e mortes por covid-19. Mas calculou que a elevação não chegaria perto do pico da pandemia ocorrido em abril.

Internações em alta

No dia 19 de maio, o coordenador-executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo, disse que o número de pacientes internados com covid-19 em São Paulo chegaria, no máximo, a 24 mil, sendo 13 mil em enfermarias e 11 mil em UTI, até o dia 16 de junho. Em 3 abril, havia mais de 31 mil pacientes internados.

Ontem (6), São Paulo registrou 24.476 pacientes internados com covid-19, sendo 13.362 em enfermarias e 11.114 em UTI, segundo dados de leitos e internações do Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi) do governo paulista, superando o pior prognóstico, ao menos, dez dias antes do previsto pelo governo Doria. Mesmo com o apagão nos dados de internações ocorrido entre os dias 31 de maio e 3 de junho.

O número de mortes por covid-19, que no pior prognóstico chegaria a 600 por dia, também vem subindo. E deve crescer mais nos próximos dias, com o aumento das internações. A média diária chegou a 526, no dia 2, depois caiu devido a uma falha nos registros, na última sexta-feira (4). Naquele dia, foram registrados 33 óbitos, número muito abaixo da média diária, o que derrubou os números. Mesmo assim, foram 3.072 mortes em sete dias.

UTIs lotando

A taxa de ocupação de UTI segue elevada em todo o estado: 81,7%. Por conta do apagão de dados, a média diária de internações apresentou uma oscilação, mas segue acima de 2.500 por dia. Apenas ontem foram 2.739 pessoas internadas com covid-19 em São Paulo.

Entre as regiões, a situação se mantém praticamente a mesma há seis semanas. Quatro regiões têm ocupação de UTI abaixo de 80%: Araçatuba (77,3%), Baixada Santista (71,3%), Campinas (79,6%) e Grande São Paulo (79,2%). A capital paulista, considerada parte da Grande São Paulo, tem 84,4% de ocupação de UTI.

Oito regiões estão entre 80% e 90%, ou seja, em fase vermelha: Araraquara (87,5%), Bauru (89,9%), Franca (88,9%), Piracicaba (85,3%), São João da Boa Vista (81,6%), São José do Rio Preto (86%), Sorocaba (88,3%) e Taubaté (81,4%). E cinco estão acima de 90%: Barretos (95,9%), Marília (94,8%), Presidente Prudente (93,5%), Registro (92,6%) e Ribeirão Preto (95,7%).