Governo Doria

São Paulo tem apagão de dados após aumento de 20% na média de internações por covid-19

Dados sobre internações por covid-19 não são atualizados desde sexta. Governo Doria alega que sistema está sendo modernizado, mas não prevê normalização

Agência Brasil
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Internações por covid-19 sobem sem parar desde 6 de maio e governo Doria sumiu com os dados desde sexta

São Paulo – Após registrar um aumento de 20,7% na média diária de internações por covid-19, desde o dia 6 de maio, o governo de João Doria (PSDB) parou de atualizar o sistema de monitoramento da pandemia, causando um apagão de dados sobre a situação dos hospitais. A última atualização ocorreu no dia 28 de maio, quando a média diária de pessoas internadas com covid-19 chegou a 2.650, maior número desde o dia 10 de abril. O governo Doria alega que o sistema do Censo Covid, que monitora a situação dos hospitais, está sendo modernizado, mas não informa uma data para a normalização. Dados de casos e mortes também estão incertos.

A média de internações diárias por covid-19 caiu por 40 dias consecutivos, após a implementação da fase emergencial do Plano São Paulo, com restrição de todo o serviço não essencial e toque de recolher. Se manteve em queda durante a fase vermelha. Mas voltou a subir apenas 17 dias depois de começar a valer a fase de transição do Plano São Paulo, que, embora fique entre as fases vermelha e laranja, é tão branda quanto a fase amarela, permitindo o funcionamento de todo o comércio e os serviços, além de academias, teatros, cinemas e escolas. Os estabelecimentos podem abrir das 6h às 21h, com recomendação de até 40% de ocupação, mas sem punição a quem ultrapassar esse limite.


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Com isso, o número de internações por covid-19, que vinha caindo, estagnou na casa de 22 mil por vários dias. E já havia voltado a subir na semana passada. Enquanto no dia 21 de maio havia 22.337 pacientes internados no estado, sendo 10.177 em unidades de terapia intensiva (UTI) e 12.160 em enfermaria, na última sexta-feira (28) já eram 22.959 pacientes internados no estado, sendo 10.411 em unidades de terapia intensiva e 12.548 em enfermaria.

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Com base nos dados da última sexta-feira, a taxa de ocupação de UTI em São Paulo está em 81,9%. Das 17 regiões do estado, apenas três estão com ocupação de terapia intensiva abaixo de 80%: Grande São Paulo (78,9%), Baixada Santista (71,3%) e Campinas (76,5%). Das demais, sete estão entre 80% e 90% de ocupação e outras sete com mais de 90% de ocupação. Situação que perdura desde o final de março.

Também a média diária de mortes por covid-19 já voltou a subir. O registro diário de vítimas do novo coronavírus, que passou de 800 no pico da pandemia, caiu para 478, em 15 de maio. Mas voltou a subir e agora está em 528. No entanto, os dados dos últimos dias estão atípicos, com uma queda acentuada no registro de óbitos, o que pode indicar que está havendo atraso nas informações e o número real já é bem maior.


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Inclusive, nas duas últimas semanas, houve aumento do número de mortes. Entre 9 e 15 de maio, foram registrados 3.332 óbitos por covid-19 em São Paulo, completando quatro semanas seguidas de queda nos números. No entanto, na semana seguinte, de 16 a 22 de maio, foram 3.502 mortes. E, na última semana, de 23 a 29 de maio, 3.661 óbitos, indicando clara tendência de alta novamente.

O número de novos casos, que vinha subindo sem parar desde o dia 10 de maio, registrou uma queda totalmente fora dos padrões também na sexta-feira (28). O registro de apenas 1.850 casos naquele dia, derrubou a média diária de casos, que estava quase em 14 mil. O governo Doria alega que o problema foi no sistema do Ministério da Saúde, mas até hoje a situação não foi normalizada. São Paulo registra atualmente 392 novos casos por 100 mil habitantes, número quase quatro vezes superior ao que o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos considera como pandemia descontrolada.

Na semana de 2 a 8 de maio, foram registrados 79.269 casos de covid-19 em São Paulo. Entre 9 e 15 de maio, foram registrados 87.953 novos casos. Na semana seguinte, de 16 a 22 de maio, foram 95.385. Seguindo a tendência, com média de quase 14 mil casos por dia, era esperado que na semana de 23 a 29 de maio fossem registrados mais de 100 mil novos casos, comprovando que a reabertura da fase de transição aumentou gravemente a contaminação pelo novo coronavírus. Mas, com a queda no sistema, o número oficial ficou em 74.289 casos.


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Apesar de todos os dados até o dia 28 indicarem claro agravamento da pandemia novamente em São Paulo, o governo Doria insiste em reduzir as medidas de restrição de circulação e funcionamento do comércio. Está programada para o dia 15 de junho a implementação de uma nova fase verde do Plano São Paulo, permitindo o funcionamento de todo o comércio e os serviços, além de academias, teatros, cinemas e escolas.

Os estabelecimentos poderão abrir das 6h às 22h, com recomendação de até 60% de ocupação, mas sem punição a quem ultrapassar esse limite. Também se projeta ampliar o limite de alunos por sala nas escolas. Assim como a fase de transição, a nova fase verde deve ignorar os parâmetros de análise da pandemia de covid-19, como novos casos, internações e mortes, que são utilizados atualmente.


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