Veneno com sabor

Biscoitos e bisnaguinhas contêm resíduos de ao menos nove agrotóxicos, diz Idec

Instituto faz testes em oito categorias de bebidas e alimentos industrializados que estão entre os mais consumidos no país

Reprodução/Youtube
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Se não bastasse o açúcar e as gorduras, muitos alimentos estão carregados de resíduos de agrotóxicos

São Paulo – Pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), divulgada na semana passada, encontrou resíduos de ao menos nove agrotóxicos em bisnaguinhas e em biscoitos, de água e sal e recheados. Entre eles, glifosato e glufosinato. Bastante consumidas – por crianças e adultos –, as bisnaguinhas estão entre os itens de panificação mais vendidos no Brasil.

Das quatro marcas pesquisadas pela instituição, uma não continha resíduos de glifosato e outra não tinha glufosinato. Mas em todas foram detectadas pelo menos nove outros agrotóxicos. Entre os biscoitos recheados , nenhuma das quatro marcas analisadas apresentou resíduos de glufosinato. E apenas uma não continha também resíduos de glifosato. As demais continham resíduos de pelo menos três agrotóxicos. Já entre os de água e sal, uma não continha glifosato, mas tinha resíduos de sete outras substâncias.

Outros alimentos

O Idec também pesquisou resíduos de agrotóxicos em outros produtos ultraprocessados. O termo refere-se a formulações com ingredientes como sal, açúcar, gorduras e substâncias de uso exclusivamente industrial, como essências, corantes, acidulantes e conservantes, entre outros. Bastante consumidos no país, os ultraprocessados são ricos em açúcar, trigo, milho e soja. É o caso de refrigerantes, néctares de frutas, bebidas à base de soja, cereais matinais, salgadinhos, biscoitos e pães.

Das bebidas avaliadas, apenas em uma das de soja foram encontrados resíduos de glifosato. Entre os cereais, apenas uma das marcas continha evidências dos dois agrotóxicos, glufosato e glufosinato.

Além destes dois agentes químicos, o Idec fez análises para localizar também diquat, paraquate, Carbendazim, Carbendazim (MBC), benomil, Cialotrina, Lambda, Cipermetrina, Clorpirifós, Clorpirifós-metílico, Bifentrina, Deltametrina, Fenitrotiona, Glifosato, Glufosinato, Malationa e Pirimifós-metílico.

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O Idec afirma que os dados obtidos pela pesquisa permitem afirmar que “os ultraprocessados são prejudiciais em diversos aspectos, materializando o conceito de sindemia global. Sindemia, por sua vez, caracteriza a situação em que duas ou mais doenças interagem de tal forma que causam danos maiores do que a soma simples dos danos causados por ambas as doenças.

Os dados preocupam o o professor e pesquisador da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) Marcos Pedlowski. “A partir do que vimos nesse relatório, a situação é muito ruim. Com a aprovação desenfreada de agrotóxicos, isso deverá se agravar”, disse. De acordo com o Observatório dos Agrotóxicos, atualizado por Pedlowski, o governo de Jair Bolsonaro já liberou a aplicação pela agroindústria brasileira de 1.238 agrotóxicos diferentes desde o início de seu mandato.

Idec mostra o padrão alimentar afeta o planeta. Foto: Reprodução


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