alarmante

Com 115 mil novos casos, Brasil quebra recorde de contágios por covid em 24 horas

Curva de infectados pela covid no Brasil chega ao pior patamar desde março de 2020. País caminha para ultrapassar os Estados Unidos e ocupar o primeiro posto em número total de vítimas

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Trata-se de um momento pior do que a última semana de março deste ano, no ápice do que chamam de "segunda onda"

São Paulo – A covid-19 segue sem controle e em aceleração no Brasil, que hoje (23) teve o maior registro de novos casos em 24 horas desde o início da pandemia, em março de 2020. Foram 115.228 infecções notificadas no período, totalizando 18.169.881 pessoas contaminadas em pouco mais de 15 meses. O número de mortes segue em patamares elevados, com 2.392 novas vítimas notificadas nas últimas 24 horas. O total de óbitos oficialmente causadas pela infecção até agora é de 507.109.

Números da covid-19 no Brasil em 23 de junho de 2021. Fonte: Conass

A curva epidemiológica de novos casos chegou hoje ao patamar mais elevado do histórico. Trata-se de um momento pior do que a última semana de março deste ano, no ápice do que foi chamado de “segunda onda” de contaminação pelo novo coronavírus. A média diária de contaminados está em 77.328 a cada um dos últimos sete dias – superior à do dia 27 de março, a pior até então, com 77.129 novos casos a cada dia. Já a média das mortes segue tragicamente próxima à casa das 2 mil diárias, em 1.917 vítimas por dia.

Curvas epidemiológicas médias de casos e mortes no Brasil. Fonte: Conass, 23/jun/21

No epicentro

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta para a tendência de recrudescimento da pandemia em uma “terceira onda” de contágios e mortes nos próximos dias. Isso, sem o país jamais ter baixado significativamente os índices da segunda, o que pode trazer resultados mais letais do que os já registrados até aqui. Na conta da responsabilidade pelo descontrole, a suspensão de medidas de combate ao vírus, como isolamento social, negligenciado em boa parte dos estados e municípios.



Outra consequência do prolongamento da segunda onda é o posto de epicentro da pandemia. Desde o fim de abril passado, a Índia ocupava a liderança em mortes e casos de covid-19 no mundo, segundo a Universidade Johns Hopkins, referência mundial em informações sobre a doença. Nesta semana, o Brasil retomou essa posição, que já havia ocupado entre junho e julho de 2020 e de março a abril de 2021.

O Brasil é o país do mundo com maior número de vítimas da covid-19 em 2021 e está atrás apenas dos Estados Unidos em número absoluto de mortes. Entretanto, os norte-americanos estão em constante ritmo de redução dos dados da covid-19 após um programa de vacinação veloz e intenso. Mantido o ritmo de contaminação e mortes, o Brasil ocupará também o primeiro posto em mortes totais causadas pela covid. O ex-presidente e fundador da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) Gonzalo Vecina fala em 850 mil vítimas até que o país consiga controlar o surto.

Sob pressão

Outro dado preocupante é a ocupação de leitos de UTI. A Fiocruz aponta que 18 estados e o Distrito Federal estão com taxa de ocupação acima de 80%, sendo que oito acima de 90%. Especialistas argumentam que acima de 85%, significa colapso. Na prática, pessoas morrem sem atendimento adequado. Isso, porque para preparar leitos que vagam, é necessário tempo, logo, a pressão intensa sobre o sistema implica na formação de filas.

“O sistema de saúde ainda apresenta grande sobrecarga para o cuidado de alta complexidade à covid-19, estando sob risco de não ter capacidade de responder a eventuais aumentos na demanda por cuidados”, informa a Fiocruz em seu último boletim. A entidade reforça a necessidade de medidas individuais e coletivas de proteção, como respeito ao isolamento social, uso de máscaras adequadas, além de cuidados com a higiene pessoal.


RBA utiliza informações do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados. As divergências, para mais ou para menos, são sempre ajustadas após a atualização dos dados.


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