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Brasil se aproxima de 515 mil mortos por covid-19, e vacinação indica o quanto seriam evitáveis

Número de mortes em 24 é o menor desde fevereiro. Ocupação nas UTIs caiu mais de 5% em 13 estados. Redução nas internações é notável entre a população vacinada

Lula marques
Lula marques
Vacinação no Brasil ainda é insuficiente, mas avanço mostra resultados. Médias de casos e mortes diárias são as menores desde o início do ano

São Paulo – O Brasil registrou 618 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas e totalizou 514.092 desde o início da pandemia, em março de 2020. É o dia com menor número de vítimas desde 21 de fevereiro, de acordo com dados do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

O dado pode ser interpretado com otimismo. Contudo, aos domingos e segundas-feiras, existe um represamento nas notificações de casos e mortes. Isso ocorre porque há número menor de profissionais em atividade no período, e a distorção tende a ser corrigida nos dias seguintes. O número de novos casos também é considerado baixo, especialmente em comparação com as médias registradas desde março deste ano – fenômeno que coincide com o avanço da vacinação contra a covid-19 no país.

Foram 27.804 infectados na últimas 24 horas, enquanto a média móvel diária calculada em sete dias está em 68.796. Desde o início do surto, desconsiderando a subnotificação, são 18.448.402 doentes. Após uma intensa escalada do contágio da covid-19 desde a última semana de maio, essa tendência foi revertida nos últimos dias. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o indicador aponta para uma estabilidade.

conass

Platô

“Mantidas as atuais tendências, o alto platô de transmissão alcançado a partir de março pode produzir um número ainda maior de casos graves e de óbitos nas próximas semanas”, alerta a Fiocruz. A média de mortes está em 1.644, menor índice absoluto desde 10 de março. Entretanto, os números seguem elevados e superiores aos apresentados durante todo o ano passado.

Mesmo as médias semanais não asseguram redução no ritmo da covid-19 no país. “Na semana epidemiológica de 13 a 19 de junho, foi registrada uma média diária de 72.700 casos e 2.070 óbitos. O número de casos aumentou em cerca de 1,3% ao dia e o número de óbitos teve incremento de 0,8% ao dia”, completa a entidade.

Indicador é considerado extremamente elevado quando a taxa está acima de 10 mortes por 100 mil habitantes. Fonte: Fiocruz

Vacinação contra covid

O indicador mais positivo nos últimos dias é o de ocupação de leitos de UTI. Em São Paulo, nos últimos 15 dias, a taxa de utilização dos leitos de maior atenção caiu 20%. A melhora foi acompanhada em 13 estados. Amazonas e Amapá deixaram a zona de alerta, com menos de 60% de ocupação. Esses indicadores possuem relação com o avanço da vacinação no país. Em São Paulo, mais de 38% da população já recebeu a primeira dose de imunizante; e 13,10% as duas doses. No Amazonas, estes números são 30,73% e 12,70%; no Amapá, 21,41% e 7,61%. Em todo o país, 33,21% tomaram a primeira dose da vacina contra a covid-19 e 11,92% foram totalmente imunizados com as duas doses.

A redução nas hospitalizações é mais notável entre os mais velhos. Os estados e municípios adotaram como estratégia de vacinação um escalonamento a partir dos mais velhos, portadores de comorbidades e trabalhadores de categorias específicas. Desde o início da vacinação, a covid-19 vem mudando de característica e afetando os mais jovens, na medida em que os mais velhos são imunizados.

Curva epidemiológica de internações em UTI no país por faixa etária. Fonte: MS/LCA Macroeconomia

Cuidados

A Fiocruz argumenta que, embora as internações apresentem tendência de queda, os cuidados devem ser mantidos. “A transmissão comunitária de covid-19 permanece em níveis extremamente elevados na maior parte do país. Nas últimas semanas, muitas macrorregiões apresentam taxa de incidência extremamente alta, acima de 10 casos por 100 mil habitantes. Para permitir uma redução significativa, é necessário que haja uma série de esforços integrados na vigilância e na atenção, visando manter políticas de contenção da transmissão e intensificação da vacinação”, afirma a entidade, em boletim extraordinário divulgado hoje (28).

Os dados da Fiocruz ainda indicam colapso em partes do país e situação extremamente frágil em outras. É o caso do Mato Grosso do Sul, há 17 semanas com ocupação acima de 90%. “Os estados de Tocantins, Sergipe, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul são os mais preocupantes em função da persistência há muitas semanas em patamar superior a 90%”, aponta a entidade. “O sistema de saúde ainda apresenta sobrecarga para o cuidado de alta complexidade à covid-19, sendo fundamental que as tendências de queda do indicador persistam nas próximas semanas”, completa.

Dos 26 estados e o Distrito Federal, os 13 que apresentaram queda expressiva (acima de cinco pontos percentuais) nas internações em UTIs são: Amazonas (62% para 54%), Pará (71% para 64%), Amapá (63% para 53%), Piauí (83% para 71%), Ceará (88% para 82%), Rio Grande do Norte (89% para 76%), Paraíba (73% para 67%), Pernambuco (94% para 83%), Alagoas (92% para 83%), Espírito Santo (66% para 61%), Rio de Janeiro (71% para 66%), Mato Grosso (93% para 86%) e Distrito Federal (92% para 82%).